segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Terceiro ano, quem diria?

O dia clareou, raiou o sol. E dentro de mim, nevoeiros, pestes, dilúvios, furacões e vendavais, dizimam a densidade populacional. As pequenas pessoinhas felizes que me habitam, morrendo, coitadas. Hoje não é um bom dia pra escrever. A minha veia cínica está afetada, e a tragédia tá parecendo uma grande comédia. Quem estou querendo enganar? Eu estou indiferente. Completamente indiferente, se o sol nascer amanhã, ou a chuva persistir, quem me dirá que isso tira de mim o direito de viver? Férias? Ui. Parece que não chegam. Eu to é querendo deitar no sofá, com os meus livros, ler madrugada a dentro, e não me importar de engordar aqueles quilos que eu perdi ao longo do ano. Férias? Não começam nunca, porque por culpa de um enem mal resolvido, dias 9 e 10 de janeiro eu tenho prova pra UFRJ. Não, porque até lá, supostamente, eu tenho que estudar. E quem quer estudar? Com tanto filme repetido pra ver, tantas horas pra ficar na frente do computados fazendo nada, tanta besteira pra comer, tanto cinema, piscina, puxa, tanta coisa melhor. Até reclamar do tédio é uma das atividades favoritas das pessoas da minha idade. E ouvir as pessoas sugerindo que se o tédio é tão grande deveriamos estudar, é perturbador. Claro, porque pra um adolescente de férias, só pensar em livros, escola, química, geografia, dá dor de cabeça. E eu, que to entre o céu, que é a completa inércia, e o inferno, que é estudar até os joelhos esquecerem que podem ser esticados, to aqui, penando, chorando, e claro, não estudando. O que é pior, porque eu vou me arrepender de não estar fazendo-o. Por que, não saiu resultado nenhum ainda? Paz, tranquilidade, eu quero respirar! Quero curtir as minhas férias como todo adolecente, quero ir pra praia, quero ir pro shopping, ver aqueles amigos que não via há mais de meses. Quero ver meu namorado, ou melhor, descobrir se tenho um, e se não tiver, arranjar um deveras. Férias foram feitar pra nós descansarmos do que nos cansou o ANO inteiro. O que acontece, é que o que me cansou o ano inteiro, ainda me cansa. As brigas com os meus pais, as notas da escola, os vestibulares, o namorado(ou seja lá o que esse garoto for). Tudo, conspirando maléficamente contra mim. Então, que o ano entre logo, que dia 10 chegue logo, que os resultados saiam logo. Pra que, enfim, eu possa dormir em paz.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Insegurança

O que me falta dos carinhos e confições que me o faça chamar de meu? Que se perdem entre os devaneios da minha mente, onde há o vazio inóquo das palavras que me foram ditas? O que me falta, para eu toma-lo como meu? Por que me parece que estás prestes a correr, e quanto mais eu o puxo, maior a sua ânsia de soltar-se? Por que os teus braços não me seguram, não me apertam? Por favor, não me deixe ir agora. Por favor, me leve por esta noite, onde os céus dos calafrios, e as lamparinas das estrelas tintilam o nosso caminho. Por favor, vamos andar pelo prazer, e não ansiar o destino. É que eu não encontro forças, maiores que estas palavras, que me fixem à este contexto. Por que dizer é mais fácil que fazer? Não, não faz sentido procurar a vã matéria do indefinido. Que eu não corro por mares desconhecidos sozinha. É que eu tenho medo de escuro. Do nevoeiro indigesto, do frio corrosivo. Do negro enchendo os meus olhos, por mais que aperte-os para enxergar. É que eu quero uma mão amiga. Me ditando as ordens, me dizendo as cordenadas. É que eu quero um beijo profundo, alcansando o mais profano dos meus pensamentos, exalando os odores do acasalamento. É que eu quero o teu queixo abstrato, com a barba por fazer, dançando no meu pescoço, eriçando os pelos do meu braço. E a tua mão, catando por baixo da blusa, a minha cintura nua. Transformando o escuro inerte num espetáculo de luz e som. Os fogos de artifício uivando o fim, ou o nascimento, de uma história. É que na minha dor, eu procuro o teu cheiro, reconfortando as minhas narinas. É que na minha angústia, eu procuro a tua barriga, comprimindo os meus seios, quando tua boca afaga a minha ânsia. É que eu procuro o seu rosto, em meio à multidão dos não facetados, quando o medo me encontra. É que eu faço tudo isso, sem saber, se o mesmo faz você. E esse não saber, e essa insegurança, transforma meus sonhos mais bonitos, em verdadeiros holocaustros, me assassinando, sem piedade. É que a minha mão, ainda procura a tua, todos os dias. É que o meu pensamento, não falta você, me dizendo, me querendo, me bebendo, me tomando, como tua. Que eu ainda esqueço, que nao sou dona, nem de mim própia, que dirá de você. Que dirá dos teus olhos, dos teus lábios, das suas mãos. Não importa a minha relação, desde que me olhes, me beijes, me toques. Só falta a mim mesma, entender essa relação.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Reveillon

Parece que o tempo passou por mim sem que eu pudesse nota-lo.
Dias, logo se transformaram em semanas, e estas em meses. Como se os meus dias não fossem longos. Como se eu não sentisse, que eles se arrastam, passando incrivelmente devagar, vagarosamente lambendo as sobras de um doce incrivelmente raro. Todos os dias assim. Dias que passam com gosto de semanas. Uma decisão que se torna cada vez menos certa, como se o tempo tirasse a autoridade de algo pouco consistente. E eu esperando, agonizando, descolorindo palavras e tornando-as, funebres. Como um enterro sigiloso, numa tarde chuvosa de domingo. Não, claro, todos merecem seus descansos. Nada que não melhore com a chegada de mais um fim de ano. É como se essa virada especial do dia 31/12 para 01/01 fosse a enxurrada de cores, de lápiz de cera a colorir um céu amargo. Esse céu amargo, que no início do ano, todos fingem que não veêm, mas que todos sofrem com a sua existência. Sim. É como se o passar dos minutos fosse capaz de limpar o que ficou de sujo. E tirar os vestígios do que não foi. Mas o que não foi, continuará não sendo, ora pois, acabou. Assim como a prorrogação do jogo, assim como o badalar dos sinos, cessou. E por cessar nos impõe como índole, a fraqueza. Sim, porque somos tão fracos quanto as gramíneas secas da ausência de chuvas. Nós nos alimentamos de ego, e se a fonte desse ego morre, morremos também, na incompetência de nossas virtudes. Sim, incompetentes, como um servo punindo a si mesmo. Como a dor, ordenando a si própria. Como as regras que nos impomos, e não sabemos cumprir. Não, não é impossível, só não somos assim, ainda. Só não evoluimos à esse ponto. Não, porque a evolução é milenar, a evolução é o maior dos ancestrais, a mais longa dos ballets, a mais estúpida das brincadeiras. Não, não a mais estúpida. Não supera a mentira que contamos a nós mesmos. Aquela em que realmente acreditamos. Sim. Tudo há de acabar, mas por hora, precisamos suportar, e esperar para que trinta e um de dezembro chegue antes de explodirmos.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Rápido, de novo

As coisas ruins aconteceram todas ao mesmo tempo. Dia ruim. Ano ruim. Talvez isso se estenda...
Não serão as palavras que aqui direi, as donas da minha paz. A minha paz é dever outro. A minha paz não se resgatará tão fácil.
Hoje, a preguiça, o tempo, o sono. Tudo, me obriga a ir rápido.
Só há tempo de postar a poesia enfim:
História de herói
*
Os mares que escorrem meus olhos
que as lágrimas há tento secaram
E puseram meu coração em figalhos
e à cola não se reparam
*

Dos versos frenéticos que pautei
extrai a angústia dos anjos
E os amores que tanto gostei
deles extraio os prantos
*

Nos dias que me amarguei
aproveito a solidão relutante
Que como Ama acompanhei
e que se amontoava junto aos passantes
*

Nos sóis que não brinquei
e nos dias que não acordamos
Desperdiçadas foram minhas falas
em que eu não disse quanto o amo
*

Debaixo da chuva se pôs teu riso
na terra foram semeadas tuas alegrias
E o mundo teve sempre consigo
meu herói de aventuras muitas
*
As palavras só têm sentido, quando o sentimento por trás delas é revelado.

domingo, 25 de outubro de 2009

Correndo por entre os vãos.

Abandono, coisas de mais, acontecem rápido de mais. Coisas pequenas ficam pra trás. Esqueci o blog, quase. Não que tenha parado de escrever, tái uma coisa que não acontece. O post é corrido, como tem sido nas últimas vezes. Verdade. Está ai, um dos poemas inúteis que escrevi dia desses. Espero que, bem, espero que sei lá. Talvez as pessoas possam sentir o que eu sinto quando o leio, mas eu conheço a história por trás dele. Bem, está ai.
*
Caso de enamorados pt:1
*

Os teus olhos
encontraram os meus
No vazio inóquo
da noite e seus breus
*

Como os que vagam pelo cais
das noites enluaradas
Dois enamorados, diziam mais
com olhares que palavras
*

Como que quem decires
amor eterno,
aos dois extremos
*

Que se ligavam
relutantes
num beijo cego
*
Não existem palavras capazes de explicar o que pensa uma pessoa.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Aniversários

As comemorações começaram cedo,
dizer parabéns, à benção da vida.
Parabéns a todos que nasceram neste dia,
parabéns por viver à toda angústia.
.
Meu coração deseja felicidades a quem não vê,
não sente a felicidade, não sente a surpresa.
Espero que em algum lugar, as felicitações sejam ouvidas.
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Hoje é dia de festa, eu algum lugar, todos comemoram. Aqui mesmo a festa começaria, 15, 78, idades memoráveis. Felicidades. Alegria. Juizo. Muitos anos de vida. Um dia, esse estoque de anos acaba, e passamos a conta-los do outro lado.
Não tenho inspiração.
Só queria de alguma forma bonita desejar felicidades pelo aniversário de minha irmã e avô.
Aline de Oliveira Saguie, felicidades, alegria, lembranças.
Flávio Coelho de Oliveira, plenitude e sabedoria conservados em nós, desejo o melhor na espiritualidade.
.
Amor.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Observação:

Todos choravam. Nós, eles, os céus. A chuva caia constante, tal qual nossas lágrimas. O gosto da despedida me atormentava. Que despedida afinal? Um até logo. Quem sabe um dia não nos revemos? É o ciclo natural das coisas, me assusta, mas é o que acontece. A ferida vai permanecer aberta, e o lugar no meu coração ocupado por um só. Quem me criou, quem me transformou no que sou. Agradeço, todos os dias que pude passar com você. E por mais que os dias passem, e tomem outro rumo; o coração, bate por você. Sim, seu coração tocou a última sinfonia. Sim, seus pulmões se contrairam uma última vez. E sim, seus olhos finalmente descansaram. Mas não quer dizer que seja o fim da linha. Eu te amo, e um amor não morre de uma hora pra outra.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Até daqui a pouco

Os heróis estão morrendo. É verdade. O importante é que eles estejam vivos em nós.
Flávio Coelho de Oliveira
(13/10/1931-07/10/2009)
Enterrou os irmãos, uma filha, além de outros amigos.
Criou tres netas.
Passou por mais de 11 cirurgias.
Tinha uma válvula artificial aórtica no coração.
Era praticamente cego.
Descobriu no dia 16 de julho de 2009 que tinha câncer no estomago.
Sofreu várias disfunções cardiacas e pulmonares ao longo de sua estadia no hospital.
Não pode tratar o câncer.
E morreu, lutando, assim como viveu.

Não desistiu da sua vida, nem no último segundo. Me formou, me criou, meu segundo pai, meu herói. Foi o responsável por muitas das minhas escolhas. Me deu colo, abraços, risos. Não digo que não houveram brigas; houveram, muitas. Mas todas medidas na quantidade certa pra nunca diminuir o amor. Parece que hoje, morre também um pedaço de mim. O pedaço que foi criado única e exclusivamente por ele. Mas eu sei, que em algum lugar, as coisas melhoram, pro maior herói que eu pude conhecer. Desculpa se muitas vezes não fiz as coisas do jeito que deveria. E por não demonstrar com mais vontade que o amor era tão grande, que eu não sabia demonstrar. Avô, você viverá pra sempre em mim.

A saudade, é um trem de metrô, subterrâneo obscuro, escuro claro, é um trem de metrô.
A saudade, é prego parafuso, quanto mais aperta, tanto mais difícil arrancar.
A saudade, é um filme sem cor, que meu coração quer ver colorido.
A saudade, é uma colcha velha, que cobriu um dia numa noite fria, nosso amor em brasa.
A saudade, é Brigitte Bardot, acenando com a mão um filme muito antigo.
Zeca Baleiro
Não existem muitas coisas que possam ser ditas. A perda é verdadeira, mas relativa. Meu coração palpita biologicamente, enquanto minhas emoções me digerem. Não há preparo físico ou mental. É quase que unicamente uma questão de egoismo. Ninguém precisa sentir além de nós. Ninguém precisa sofrer além de nós. Mas, tão espontaneo e friamente, eu me sinto sozinha, mesmo que envolta à pessoas. Não vou esquecer, porque esquecer não é a resposta. Não vou deixar de sofrer, porque agora, não é a resposta. Mas tranquila, eu agradeço aos céus, porque foi a melhor coisa que pra ele poderia acontecer. Obrigada, por um dia eu ter podido conhece-lo. Por um dia eu ter podido ama-lo, e por ele ser amada. Obrigada pelas memórias que construímos. O amor, é o que nos impulciona. E por você vovô, eu serei tudo o que eu quiser ser.
Improviso choroso
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Talvez
as lágrimas sejam mesmo só egoismo
e isso seja chorar em vão.
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Talvez
a tristeza só sirva pra me alertar:
a vida é passageira.
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Mas talvez,
eu tenha ganho muito mais do que planejava.
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Talvez,
o amor não seja predeterminado pelos laços familiares.
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O que importa, é que predeterminado, ou não,
eu o amei, e ainda o amo, com todas as minhas forças.
Bianca Saguie
Hoje não existe inspiração, contentem-se com isso.

domingo, 20 de setembro de 2009

Uma nota rápida

Começamos a fraquejar desde que nascemos, ao dar o primeiro suspiro. Respiramos porque somos fracos, não somos fortes o suficiente pra batalhar inconcientemente contra a vida que não escolhemos receber. E ainda assim cada vez que enchemos e esvasiamos nossos pulmões de ar, caminhamos em direção à morte. Em diração à uma morte, que em geral não é desejada ou programada. Morre-se com a mesma rapidez e facilidade que vive-se. E eu vivo desde antes da biologia determinar a fusão dos gametas. Vivo desde antes de ocupar algum lugar no espaço. Vivo porque penso, questiono, suplico pela alegria de viver. Busco, além de tudo, um cantinho embaixo da árvore, com o sol emaranhado nas nuvens, um poço raso de inspiração, dando acesso à imagens e palavras imersas no subterrâneo, que sensibilisam as pessoas, e antes delas, à mim mesmo.

domingo, 13 de setembro de 2009

Ode ao Coelho

O que somos nós, além dessa vã matéria? O que somos? Não somos nada que a medicina ou a biologia explique. Não somos nada que possamos evitar. Não somos, pelo prazer de não ser. E os dias passam, e nós vagamente notamos. E no piscar dos olhos, descobrimos que somos terminais, que o fim é iminente, e que não podemos evita-lo. Evita-lo pra que afinal? O final é uma contante para todos na terra. E ter medo dele não é covardia. Ter medo é normal, todos temos. Não estar acostumado é normal, a gente aprende com os anos. É bem verdade que o desanimo me encontrou. Não há o que me faça sorrir. Mas a vida continua, não é? Nossos amigos nos deixam, nossos parentes nos deixam, é o curso natural da vida, infelizmente. Nossas lágrimas caem, tão desesperadamente que as engolimos entre os soluços, é um círculo vicioso. Eu não estava preparada. Não imaginei ter que ver nada do tipo, em milhões de anos. Não imaginei sentir nada do tipo, a minha vida inteira. Não imaginei ficar sem palavras. Completamente sem palavras. Encara-lo, no silêncio barulhento do quarto entulhado de equipamentos de um hospital velho. E querer dizer, todas as coisas que ensaiei. Todas as coisas que automaticamente eu sei que devo dizer. E saber que você não me ouve. Desfigurado. Eu não o reconheço. Mas isso já vem de tempos. O corpo não transcede a alma. A alma morre antes, ou não? Eu tenho saudades. De um tempo simples. De brincar com você, como se fossemos dois bebes. De ter você em meus braços, sem um horário estipulando que eu fizesse isso. E de falar com você, e você ouvir, e responder. Ouvir o tic tac que só o seu coração faz. Admirar astrologicamente a lua, a sua cabeça, a sua face. Ninguém substituiria, o que só você pode me proporcionar. Nesse, ou em qualquer mundo. O amor é incondicional. E por mais que eu não tenha dito isso, eu sei que você sabe, e eu sei que terei outras oportunidades de dize-lo, não é?
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A homenagem:
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Estrela do Mar
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Um pequenino grão de areia que era um pobre sonhador,
olhou o céu e viu uma estrela e imaginou coisas de amor...
Passaram anos, muitos anos
Ela no céu, ele no mar, dizem
que nunca o pobrezinho pôde com ela se encontrar.
Se houve ou não houve alguma coisa entre eles dois,
ninguém soube até hoje explicar
O que há de verdade é que depois, muito depois,apareceu a estrela do mar...

Paulo Soledade e Marino Pinto
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O sorriso há de voltar, a felicidade também.
As memórias ficarão pra sempre, independente do decorrer dos fatos.
É tudo relativo.
Menos o amor, o amor é nítido, é denso, é palpável.
O amor.
Bianca Saguie
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A história é triste e fria. Faltam ainda rima e musicalidade. Mas quem disse que a verdade é poética?
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Flávio Coelho de Oliveira
Eu espero por desfechos felizes, nessa história que eu não fui no cinema assistir.
Eu peço finais alegres, daqueles bem hollywoodianos.
Eu rezo, esperando que meus pecados sejam irrelevantes.
E eu semeio, mundos com as minhas lágrimas.
Os vendaváis e furacões atordoaram a costa leste do brasil.
Os sobreviventes ainda são desconhecidos.
A saudade permanece em nossos corações;
saudades que esperamos em breve matar.
Tão breve quanto o piscar dos olhos.
Tão breve quanto as notícias que esperamos.
O amor, de novo, é o que nos sustenta.
O amor.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

O início, de novo.

Uma pressão constante que aprisiona meu ar, meu peito. Uma incapacidade de inspirar e expirar, como o curso natural da vida. Um suspiro ofegante, que incapaz de fazer correr o oxigênio necessário para o meu corpo, pede outros sucessivos suspiros. E de repente, quase sem notar, o escuro ficou mais escuro, e eu só sinto frio. O frio rijo do chão que se estende nas minhas costas. Só vejo, opaco, o negro. Uma luz acesa perto de mim queima minhas retinas. E como se não bastasse, uma tosse seca, aguda e constante se acomoda em mim. E sozinha, eu afundo no vão que eu mesma criei em mim. O inconsistente me chama pra uma valsa, o inconsiente aceita. E uma milonga argentina toca ao fundo. Meus pés descompassados tentam acompanhar o rítmo. E de joelhos, caio. Um apito soa agudo, anunciando o iminente fim. Como uma árvore sem raízes, meu flúido vital fica escasso. E o ar mais rarefeito. Meus olhos se abrem, pra mais uma vez verem o mundo. E eu vejo um fundo de névoa sobre um chão branco e liso, como que encerado para sempre. Uma árvore seca e sem folhas, ou explicações, brotava do chão frio e infértil. E bem longe, quase fora do meu campo de visão, uma mancha escura, alta. Ela se move, como se uma corrente de ar levemente a fizesse pender, ora pra direita, ora pra esquerda. E ela se aproxima. A luz falha. Apaga, acende (mais perto). Apaga, acende (mais perto). Apaga, acende (mais perto). Um breu. De uns 5 minutos, toma conta do ambiente. Uma mão enorme, capaz de sozinha cobrir uma cabeça inteira, posta-se no meu ombro e gentilmente me convida a levantar. Meus joelhos esticam, e no breu, a mão pega a minha, apenas com dois dos cinco dedos. Ela avança no breu, e eu avanço junto. Seus passos são lentos, pra acompanhar os meus. E meus pés, inexplicavelmente descalços, encontram uma superfície molhada. Meus pés afundam em algo que se assemelha à gelatina. E depois de uns dois passos naquela gororoba, descubro que é lama, e que, pelo cheiro, estou na selva. Cercada de árvores e insetos. A pureza invade minhas narinas, meus pulmões se enchem, e num segundo tudo some. A lama some, o ar puro some, a mão gigante some. Restam a mim, um som irritante, bip.. bip.. bip.. , e o escuro, que lentamente se dissolve na claridade. Estou numa sala grande e branca, cercada de homens mascarados e com luvas. Minha primeira reação é o desespero, pensei que fossem alienigenas, mas depois, lembrei de uma figura semelhante, médicos eu acho. Alguns dias passaram, e eu naquele agoniante quarto branco, cheio de dor, mágoa e lágrimas. A televisão chiava algum programa humorístico, comum da madrugada. E alguém entra no quarto gritando, chorando, e me abraçando. Me chamando de um nome que eu não reconhecia, assim como aquele rosto. Ela passou a tarde contando histórias, minhas, que eu não lembrava. E perguntava se havia algum problema, eu sacudia a cabeça, e via nos olhos dela, marcas da insônia, e o desespero que acontece, quando perdemos um ente querido. Mais 10 dias, e eu finalmente sai daquele lugar. O sol brilhava quente, molhando os prédios e ruas, criando reflexos inesistentes. Os carros corriam, apressados pra algo que podia ser adiado. E eu, Alessandra Freitas de Moura nos tais documentos, e tão intimamente Eu de Oliveira, sai perambulando pela sujeira das ruas. Aprendendo sabores, degustando cores e palavras. E o Eu que persistia em mim, morto, figurante de uma história sem protagonista, renasceu, por conta daquela mão gigante. E Eu não me lembro, nunca, de ter sido tão feliz.
"Por do sol
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A luz inconstante do sol
anoitece em mim
E morre, tão rápido,
que a noite nos engole"
O que é simples, não precisa de mais explicaçãoes.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Vento na praia

Quase que tão apressados de mais para respirarmos, vemos ou vimos, mais um dia se passar. Mais 24 horas de segredos, mentiras, pensamentos funestos tomando conta das felicidades, e vice-versa. A inesixistencia de um meio termo tolerável é inquietante. E o pensamento voando longe, o mundo vivendo e respirando em mim, enquanto o mim está nos mais complexos trabalhos lunares. O incrível toma o possível, e o dia chega ao seu pico: é hora de irmos pra casa, chuveiro, jantar, cama. A finalidade disfarça o inesperado, e nos faz acreditar em rotina. Claro, como se um dia pudesse ser igual ao outro. E crescem em nós, as forças que são caladas pela nossa agonia. O hoje foi pior que o ontem, mas será melhor que o amanhã. Os dias se desenrolarão desenfreadamente, até que chegue o fim de semana novamente, e mais uma vez, sejamos capazes de respirar em paz. Inutilmente tentaremos esconder nosso passado, como sempre fazemos. Varrer pra de baixo do tapete, e infurnar dentro dos armários, as histórias desagradáveis que nos envergonham tanto. Mas a verdade, é como um fantasma, e infelizmente, ela volta. Nos trai nas horas mais inesperadas. Como tudo que é ruim. Mas a felicidade também surge sutilmente, assim como o movimento dos continentes ou algo deveras lento. A inércia lovomove os fracos e estatiza os fortes. Estamos todos submetidos à esse jogo surreal de sensações. Nada como sonhar com o amanhã. Nada como querer vivenciar um dia melhor.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Adeus

Eu não sei se o que eu sinto um dia vai passar. Eu não sei se o nó da minha garganta um dia vai afrouxar. Eu não sei, se um dia, tudo vai voltar a ser o que era. Eu não sei. O que eu apostei, era o que eu tinha de mais precioso, e parece que a minha mão não era tão boa quanto eu pensava. Quando me deparei com a triste notícia do iminente fim, parece que não me sobrou nada que não, esperar. Eu não consigo evitar que me rolem pela face, as lágrimas, companheiras da tristesa. E que se disvirtue, o meu pensamento, na hora em que mais preciso de concentração. Eu não sei, e eu não posso, viver sem isso. Sem esse sentimento que só uma pessoa é capaz de proporcionar. Esse sentimento de que nada está errado, de que o mundo é feliz, e que o pra sempre de verdade, existe. Mas, como tudo na vida, é passageiro. E por esse motivo, talvez um dia, eu volte a sorrir, sem que meus olhos chorem...
Talvez, não exista confiança. Quem te conhece por completo? Quem é capaz de reponder as perguntas mais difíceis do seu mundo? Você. E só. E talvez os segredos sejam o que nos consomem por dentro, talvez eles nos matem, que nem veneno, fria e lentamente.
Adeus, eventualmente, novamente, digo adeus.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Shaulin, o mestre da teimosia.

Hoje conheci um egoismo, tão forte e indestrutível, que não se abala pelas lágrimas alheias.Hoje conheci uma teimosia, tão perversa, que engana os mais fortes.Conheci um medo, em mim, que eu não conhecia.Uma raiva que eu nunca tinha presenciado, um rancor que nunca havia me transbordado.Conheci o gosto amargo das mágoas e o ácido corrosivo do egocentrismo.E não chorei. Não chorei porque tentei ser forte, e os gritos me saiam compulsivamente, mais rápidoque as lágrimas. Não chorei, porque o momento que me dei para desfruta-las, meus olhos haviam secado.E me restou, olhar para o além, com aquela cara de pensativa, e concluir que meus esforços são em vão.E ai sim, meus olhos se encheram de lágrimas, pois foi quando eu tomei ciência da minha impotência,da minha fraqueza, perante ao velho mestre Shaulin. A diferença, é que o verdadeiro mestre Shaolin, tem a sabedoriados anos, o altruismo dos ingênuos e a paciência dos que sabem, que só resta esperar. Ah, mestre Shaulin, se egoismo fosse veneno, não contente em matar-nos, o senhor seria vítima de tua podridão. E essa nota de desabafo, não me dá outras saídas, que encerra-la sem explicações.
...
Corações se destroem em segundos, e nunca mais são reconstruídos.
Vidas acabam em segundos, e nunca mais são revividas.
Amores se partem de uma hora pra outra, e nem com cola são reconstituidos.
Assuntos sérios são tratados como bricadeira, e nunca se tem oportunidade de trata-los de novo.
Algumas coisas nós não entendemos nunca.
Não é sempre que envelhecemos inteligentes.
Não é sempre que controlamos nossas lágrimas.
E não é sempre que somos coerentes em nossas palavras.
Tudo tem um fim, evita-lo é impossível.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Inigualáveis medos

A verdade nessa história de reciprocidade é parcial. A existência dela pode ser ou não verdadeira. Mas até ai não foi dito nada de desconhecimento público. A reciprocidade é uma via de duas mãos, óbvio. Inclui pelo menos duas pessoas em perfeito estado de juízo, ou não. A história, mais crua o possível: quem ama, quer ser amado. E a inexistência desse amor recíproco e pleonástico vai fragmentando o coração do primeiro. São criados verdadeiros traumas na pessoa, que acaba por sofrer metarmofoses e se transformar em algo descrente. E essa descrensa é a única força capaz de tirar a vida. Vive-se, mas sem a fé, a vida se torna vã. E quando uma pessoa, vive em vão, uma estrela se apaga, uma fada morre, imagine qualquer tipo de mágica negativa. Uma magia tão forte capaz de eliminar todos os rastros de sentimentos. Uma magia tão forte capaz de apagar todos os vestigios de existência de uma pessoa. Ou seja, seus amigos, pais, familiares, infância, namorados, casamentos. É extremamente difícil que uma pessoa entenda o quão difícil é eliminar todos os rastros de vida de uma pessoa. Mas essa magia consegue. Com a mesma facilidade que destroça corações, que destrui lares e etc. Essa magia negra, degenera os flagelados e deficientaliza os sãos. Salve-se quem puder, a mágia negra se dissemina cada vez com mais velocidade.
...
Minhas pupilas dilatadas,
meus cabelos da nuca em pé,
minhas mãos, mais frias que nunca, escorregavam pelo corrimão, tamanho era o suor.
Meus pés, vagarosamente, davam um passo atrás do outro.
Temerosos, da surpresa que iminentemente eu encontraria.
O som que irradiava da saleta no fim da escada, fundia-se com os meus pensamentos,
tornando o pavor cada vez mais denso e palpável.
Nos últimos degraus da escada, meus joelhos fraquejaram,
e por um momento eu pensei que cairia de joelhos.
Agarrei o corrimão com a mão que me restava,
e fazendo um enorme esforço, eu consegui chegar ao fim da escada.
Meus olhos piscaram rapidamente, minha cabeça rodava,
botando e tirando a antiga lareira de foco.
Tudo ficou escuro.
...
Acordei, numa sala escura, sem saber como havia chegado ali.
Mais tarde, vim a reconhecer a sala como a de minha casa,
e logo me encaminhava para o banheiro, para uma duxa de duas longas horas.
Meu corpo estava repleto de arranhões e lama.
Escoriações que eu não lembrava de quando havia adquirido.
A única coisa que eu lembrava, era de uma lareira, queimando vivo,
e uma cadeira de balanço, sacudindo em suas proximidades.
...
Dormi, sem saber se tudo aquilo havia mesmo acontecido.
Mas o pesadelo me acompanhou, para sempre.
...
Sorrio, embora minha imagem interna se destoe.
Sorrio, embora não encontre tempo pra tirar as manchas de esmalte das minhas unhas.
Sorrio, embora minha dor me consuma todas as noites.
Sorrio, pelo simples ato de sorrir, tão costumeiro e passageiro.
Enquanto minhas memórias se desfazem, como carne em putrefação.
Sorrio, e vou perdendo cada vez mais um pouco de respeito, alegria, e principalmente sanidade.
Porque a cada suspiro, minha carne se torna mais fraca,e minha mente mais obtusa.
Comemoramos os anos passados ao contrários.
Tememos a morte, e fazemos de tudo pra evita-la, mas cada ano que damos em sua direção, comemoramos.
Comemoramos o que?
Mais um ano de orgasmos bem vividos, ou de impotencias destoadas.
Comemoramos mais um dia de mágoas, menos um dia de vida.
Comemoramos a tolice de amar, de lutar, de querer.
Enfim, comemoramos, porque é a única coisa que sabemos fazer.
Caso contrário, a crise nos assoma, nos atola, nos engloba.
E como pequenos ratos, engasgados com o veneno, nós morremos sufocados pela impotencia de fazer algo diferente.
Talvez, eu esteja caminhando na direção contrária.
E a correnteza esteja sendo teimosa em me trazer pra trás.
Acredito realmente nessa teoria.
Mas, eu tenho que tentar, enfrentar essa agonia, enfrentar esse medo palpável, que cínicamente dança na minha frente.
A indelicadesa me convida para o baile, e eu venho há muito rejeitando essa convocação, temo que a curiosidade me embrulhe.
Chovem lágrimas, lágrimas que choram sozinhas as suas inconcistências.
Tão diferentes do meu medo, elas são inseguras.
E o meu medo avança, com tamanha ferocidade, que eu acredito que atropele o descuidado que pousar em sua frente.
Acredito que atropele os sentimentos que focam a minha paz.
E eu não consigo enxergar por entre os embaçados dessa manhã fria.
É um pesadelo intemnável.
Espero, que daqui a pouco o despertador comece a lutar com o meu sono, e eu acorde com o rosto suado (foi um sonho, o pior já passou).
Está tudo em negativa, a perspectiva foi lançada, é tudo depreciativo.
E a depressão se mostra uma amiga constante e inoportuna, como uma sombra, numa rua escura.
...

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Infinitos..

Não importa. Nada importa. Nada que não o agora. A escolha de palavras, a escolha de ações, a criação de memórias. Isso importa, isso faz diferença, isso cria e desfaz muros. Mais cria que desfaz. Essa criação de barreiras destrói meus sonhos. Destrói minhas perspectivas de futuro. E mais uma vez eu tenho que reorganiza-las e recria-las. Talvez a errada seja eu, criando e recriando cada detalhe da minha vida num raio de 50 anos. Talvez não, eu tenho certeza de que a errada sou eu. Tenho certeza de que minhas paranóias são as minhas principais inimigas. E tenho certeza que elas é que irão acabrar por fim, com os meus sonhos. E enquanto eu debato essas idéias, num diálogo solitário, eu percebo novos detalhes no teto do meu quarto, detalhes que eu nunca havia notado. A mancha aos arredores da lampada, as gambiarras notavelmente inseguras pregando a lampada sem cúpula à tintura sobre a massa corrida, o ventilador que faz um som agúdo a cada três relutantes voltas, como tantos outros por descobrir, como tantos outros que já esqueci. E o escuro que torna o meu quarto sombrio, apaga em mim os sentimentos felizes, que eu julguei acumular durante o dia. E eu me torno, novamente, aquele ser místico entre a vida e a morte, vagando pelo purgatório, sem data iminente para o fim da jornada. E nesse momento, nada que eu pense, diga ou faça, é capaz de me proporcionar um suspiro feliz.
...
Hello Holywood
...
Teus olhos encontram os meus,
minhas bochechas a corar
Te indicam minha satisfação
...
Meus sonhos repetitivos,
só me mostram teus lábios,
Surrupiando os meus,
não que eu fosse contra o furto.
...
E as tuas mãos ásperas,
entrelaçando a minha cintura nua
E os nossos olhos, gentilmente se encarando.
...
A lua, acompanhante dos romances,
adormece sob nossos cuidados,
E o sol, nos avisa sutilmente,
que a hora do Adeus chegou.
...
Os sonhos vão embora,
e eu acordo para a realidade
Onde os meus pensamentos
encenam um filme de hollywood.
...
E quandoo o filme acaba,
me restam os figurinos e cenários,
que compunham a estória,
criando em mim uma angústia.
...
E é só com isso que posso contar...

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Uma oração




Cresci. Por entre tombos, lágrimas, risos, manhas, cresci. Deformada, não julgo bem. Deprimida, não ligo os fatos. Uma depressão constante, que me persegue. E até os dias de hoje, os surtos são constantes. AS lágrimas chegam, a dor de cabeça. As horas escrevendo textos tão estúpidos quanto este. E o questionamento, que me persegue: qual a razão? Eu poderia enumerar, sequencias de razões fúteis, sequencias de razões injustificáveis. Sequencias de razões que o sistema captalista teima em fundar em mim. Como ser eu mesma fosse errado. Como se viver como eu vivo, fosse pecado. E eu guardo assim, uma vaga no incerto, para mim. Dentro de mim, um vacuo precisa ser preenchido. Um vácuo enorme, um buraco negro, que com o tardar, só tende a aumentar. E de vários modos eu já tentei tapar esse buraco, manobras futeis, que não deram certo. E é por isso, que pela última vez, nesse precipício que me encontro, eu não me atiro e nem recuo. A mais leve brisa será capaz de me mover, e eu não vou tomar partido nessa decisão, ou e caio, numa tempestade, num buraco sem fim, ou finalmente, eu abro os olhos para o lado bom da vida. E eu percebo, que não tem nada certo, eu não posso jurar nada, prometer nada, porque nada é previsível, nada, além de que um dia, infelizmente, ou felizmente, eu deixarei esse mundo, e eu não poss fazer nada, que não tentar ter uma vida feliz.
...
O nascimento da Besta-Fera
...
Às margens do rio frio,
as águas límpidas
lambem o limo,
que se cultiva na terra úmida.
...
Na luz do luar
o frio das águas, se encontra
com o calor dos ventos a sussurrar,
a noite está linda.
...
De repente, sem avisos
as nuvens cobrem a lua,
a água se torna turva,
com um único foco prateado.
...
E como num espetáculo,
nasceu das águas,
a mais linda criatura já vista.
...
A pele branca como um papel,
os olhos cinza e cintilantes,
os cabelos prata, como quem havia envelhecido,
mas de velha, ela não tinha nada.
...
O encanto daquela criatura,
que até hoje não se sabe,
era sereia, era fada,
nunca mais foi quebrado.
...
Nas nascentes se ouve sua doce voz,
nos riachos, prova-se sua doçura,
e em sua foz, espalha-se.
...
E por não compreenderem sua doçura,
e não desfrutarem de suas pérolas,
Deram de lhe chamar de Besta-Fera
...
Nas minhas lágrimas ela brota,
e nas minhas demências ela se desfaz.
Salve, salve, rainha dos meus dias,
salve, salve, porto do meu cais.
...
Sem mais rezas, me despeço.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Início

A simplicidade das palavras não é capaz,
as desculpas não satisfazem,
a minha ancia.
E eu me calo, perante o fim, e desisto de toma-lo como meu.
A liberdade te dá asas, e elas batem sozinhas.
Mas a liberdeda é uma via sozinha, a solidão é mais forte que a alegria do vento que suavemente balanças os cabelos.
E eu me calo. Perante o fim. Desisto.
Não que desistir não seja usual, o é.
A freqüencia com a qual eu fecho os olhos e peço clemência é inimaginável.
Mas, perdi mais uma batalha, como tantas outras que eu esqueci.
E a finalidade da batalha, e da iminente derrota, é eliminar qualquer argumento que diga que eu não tentei.
Eliminar qualquer dúvida.
Eu sou o sonho, os dias de sol, as noites chuvosas e o frio.
O vento que sopra tão forte.
Tão forte, que eu...
Que eu posso voar. E voar além dos arco-íres, e das nuvens.
E eu posso pensar, que o mundo é...
A interpretação do que o mundo é, é tão pessoal, que não me atrevo a dizer a minha.
Somos o começo.
E o início é o principal, é o mais marcante.
E é a sensação que nunca vai fugir das nossas mentes.

domingo, 26 de julho de 2009

O horizonte.

A eternidade dos movimentos lentamente se cala. A finalidade dos sentimentos se torna rala. E a alegria gradativamente se atrofia. Os passos são mais lentos, e a respiração é momentânea...
E juntos, cantarolamos o suspiro final...
Uns se etreolham, outros, rezam, e ainda há os que fecham os olhos para não ver. Nas cidades os carros param, as industrias estatizam, o comércio paraliza. No olhar paralizado dos transeuntes, paira uma numem espessa e cinza. Palpávamos, uns aos outros, o medo e a angústia do inesperado.
Nos campos, as asas congelavam, e como nos desenhos animados, ficavam parados no céu, como que mergulhados em uma gelatina gigante. Até o vento se curvava para a magnetude do acontecimento. As folhas pararam de cair, os peixes de nadar, e todos, em cada parte do mundo, param e analisam. E durante um minuto, que mais pareceu um dia, ninguém disse nada. Ninguém respirava, se movia, ou pensava.
Todos admiravam o horizonte. O afundar da bola de fogo, fundindo o amarelo alaranjado do dia com o azul da noite.
E pela primeira vez, perceberam o quão lindo era o mundo em que viviam...

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Ginóide 1.0

Assumi a identidade vampírica, assumi a cor pálida nos lábios e a tonalidade cinza da minha face. Assumi a falta de reflexo e o temor ao sol. Assumi, quase como que admitindo uma coisa que já estava praticamente explícita. Meu antissocialismo, meu antipatismo, e, obviamente, a facilidade dos outros sentirem tais sentimentos por mim. Como que dominada por atos repulsivos, cada vez mais eu cavo a cova na qual eu me isolo do resto do mundo. E os olhares degenerados de atenção que desviei, se voltam a mim, como flexas a apontar-me, e cutucar-me em vão. Quase mais nada me incomoda. Quase mais nada, fora a ausência de reflexo, reflexo, incomoda. É como se a minha presença não pudesse ser comprovada. E a invisibilidade das minhas células vitais fosse tão impalpável, que eu duvidasse da minha existência. E duvido. Penso! Logo existo? ... Penso, logo sou complexa o suficiente para que meu cérebro tenha discussões solitárias, ou, em algum momento da escala evolutiva eu regredi. Sou apenas um protótipo. Um protótipo de ser humano. Com inúmeros defeitos de fabricação a serem reolvidos, e inúmeros questionamentos a serem deletados. Um andróide, um ginóide, só. Porque nunca possuirei as características piscológicas para me autodefinir um ser humano, pertencente de um rebanho, uma manada feliz e tal. E, como num pesadeo que nunca acaba, a vida me chama para viver, seja lá por que.
.
Abstrato
.
Sonhar abstrato
acordar abstrato
Comer abstrato
amar abstrato
.
Estudar abstrato
aprender abstrato
Repetir abstrato
esquecer abstrato
.
Falar abstrato
entender abstrato
Fingir abstrato
chorar abstrato
.
Viver, engolir, sofrer, dar,
receber, rodar, cair, levantar...
abstrato;
e gradativamente,
morrer abstrato.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Abandono

E quando o abandono é a única opção? E quando o dever supera o desejo da satisfação? E quando ambos se confundem? E a decisão? E o passo certo? E não saber?
Não, não sei. Nunca soube, e sinceramente estou farta.
Farta da inexpressividade dos sentimentos alheios, farta da complexibilidade dos meus.
Farta das explicações pelas quais inploro, e que me são negadas, consecutivas vezes.
E ainda falta.
Ainda falta muito, pra toda a dor, e toda a agonia terminar.
Falta e eu sei.
E as minha muletas estão se perdendo pelo caminho.
Minhas asas, despenadas.
Meus risos, enrubrecidos, se tornam lágrimas embaçadas, que meus olhos vermelhos não deixam cair.
E as minhas felicidades? Se tornam uma lembrança.
Uma lembrança de uma tarde de verão, das risadas descontroladas, da contraditoriedade de tudo que eu pensava.
E mais, dos amigos que me revestiam.
Onde foram?
Onde fui?
Morri. Esse é o fato.
Nasci deveras. Assumi outra personalidade dentro do meu velho eu.
Como um verme que assume a carapaça de um verme falecido.
Como se o meu velho eu não suportasse as consecutivas multilações que meu corpo se sujeitou esse ano.
Multilações tais que deverão um dia alcansar o gozo celestial.
Sim, eu sei, a irônia é meu forte.
Como se eu acreditasse nessas baboseiras de faz de conta..
O abandono deu-se por completo.
Não reconheço os rostos que costumavam ser meus familiares e amigos.
Só reconheço, no espelho, a face atônita de vergonha, que um dia vi em algum crente depois do pecado.
E eu sei, que esse sentimento é tão magnificado, que a probabilidade de ele um dia me abandonar, é quase nula.
E por isso, na simplicidade de versos humildes, eu, abandono também, as pobres almas que se torturaram lendo as minhas confições.
Adeus
Versos inacabados
.
Palavras de discórdia,
eu sei,
Cansamos das nossas conversas.
.
Frases mal feitas,
eu sei,
Cansei de usa-las.
.
Lágrimas e sorrisos,
eu sei,
Cansei de expressa-los.
.
Cansei também,
das palavras que não disse,
e das noites em branco,
que consumi revisando-as.
.
Cansei, pelo fato.
Cansei do prazer,
e é por isso, que decidi fracamente,
que não vou terminar esse poema.

domingo, 24 de maio de 2009

Animais mensageiros.

O que me surpreende é a escolha da palavra. Poderiamos dizer as mesmas coisas, com inúmeras palavras diferentes. Podemos falar uma frase educada, rearrumando as palavras e o sentido das metonímias e pleonasmos. Mas, provavelmente, o que faz diferença é exatamente a existência, ideológica ou física, das metonímias e pleonasmos. E se, por um dia, nos propuséssemos a esquece-los? Se por um dia, tirássemos do nosso vocabulário pouco rebuscado as palavras sem sentido próprio? A comunicação ainda seria feita de fato, ainda que sem o calor das emoções. Então, de que valem as palavras, se nada elas são, sem as emoções? Poderiamos nos abarrotar de palavras vazias, insistindo em explicar indecencias, que o nosso cérebro não decifra sem a decodificação das emoções. São as caras e bocas, as lágrimas e os sorrisos, as pausas nos momentos apropiados do discurso direto, o eufemismo nos momentos necessários, que mastigam a interpretação pesada para nós. Ficamos incubidos de le-las e absorve-las. Mas, se despejam em nós, uma torrente de informações nuas, medievais, não saberiamos decifra-las, ou entende-las nem que quisessemos. E é por isso que eu digo, animal racional, que nada, somos apenas capazes de tranferir e absorver mensagens já decodificadas e interpretadas. Somos só uma raça mais desenvolvida de babuínos africanos. Somos a esperança da racionalidade de uma nação.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Sem mais

Mais palavras, menos olhares, menos comunicação. Mais cabeça quente, mais palavrões, mais ódio e mágoa acumulados. E cada vez mais, o sentimento de culpa que me perseguia se dissipa, se dissolve como uma gota de sangue que pinga no mar. Não é que eu esteja menos culpada, mas o fato é que eu estou menos paciente ou compreensiva. O meu maior desejo é que este ano acabe, e que mais breve possível eu fuja. Fuja da casa que sempre vivi, dos olhares que sempre me preseguiram, das bocas que sempre me ameaçaram. Quero fugir e fazer da minha vida o que eu quiser. Sinto que se eu fugir, o vento vai soprar a minha face, e secar as minhas lágrimas. Se eu fugir, não vai haver mais nada, que não eu mesma. E nesse momento eu sei que serei o ser mais feliz da terra. Não vai mais haver nenhum odor putrefato saindo de bocas supostamente amigas, e nem cobranças nos olhos alheios. Vai haver um mundo azul e cor de rosa, e eu vou ser feliz e rir sozinha.
...
Solo palabras en esto.
Solo palabras para acabaren com mis engaños.
Solo palabras, o enborracharme en un bar.
...
Ele acordou, duvidou que poderia se levantar da cama. Ele acordou e decidiu que talvez fosse melhor não levantar, e não levantou, ficou ali só olhando, o sol nascendo na janela.
...
Sem mais palavras.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Confições de uma adolecente em pseudo-crise.

Não. Não quero ouvir outra vez o mesmo discurso tolo, e as mesmas palavras estúpidas que ouvi repetidas e seguidas vezes no curso de uns dois ou tres anos. Não, eu não quero ser controlada ou vigiada pelos seus olhos de águia em pé de ataque, pronta para sobreovoar a minha cabeça e deixa-la jazida ao chão. Não quero os maremotos rotineiros sempre que alguma coisa não sair de acordo com os seus planos para o meu futuro, os quais eu não concordei, e nem tive oportunidade de externar a minha opnião. Sim, eu quero a 'independência', eu quero à Roma e aos romanos, à taça e ao vinho, ao desejo e às realizações tanto quanto ao mérito e às gratificações. Mas quero-os por meu mérito, e minha batalha. Não preciso de nenhum ditador ranzinza gritando no meu ouvido, lançando ordens que eu não sei decifrar. É desanimador não falar a lingua do patrão, rola uma quebra na comunicação; vai ver o problema é todo a comunicação. Vai ver é o fato de eu tentar desvenda-los(vício impune). Mas os dias continuam nascendo, as flores brotando, os sóis se pondo-como se houvesse mais de um sol. E como se houvesse mais de uma manhã, e mais de um mundo, perdemos a noção de reatividade, e deixamos-a evoluir pelos anos. E por isso, eu engolirei mais uma vez os soluços e as reclamações, as dores e enchaquecas, e iei ebora. Sem falar ou fazer estardalhaço, só ouvir e acenar com a cabeça nos momentos importantes. Então, por isso, ADEUS. E eu os lembro, que estou de férias.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Mais um conto de amor

Sonhava acordado. Como em uma outra tarde monótona qualquer no trabalho. Lia os relatórios semanais porque era sexta feira. Via o corre corre da sexta feira, pessoas saindo, desejando bom fim de semana. E ele em nada pensava, nada que não a hora que saisse daquele lugar e pudesse se sentir livre. Ela já deveria estar saindo, e em breve ligaria para ele perguntando onde ele estava, e ele diria que estava chegando, que não se preocupasse. Ah, como aquilo o engolia, ele desejava que desse logo cinco horas e ele pudesse ir, pudesse encontra-la. Ela, sentada no chafariz da praça em que eles sempre se encontravam às sextas feiras, o cabelo solto ao vento, os olhos distantes, a boca se movendo suavemente, cantarolando alguma canção dos beatles, a blusa colada no seu corpo, pelo suor do dia, as pernas crusadas, num elegante ângulo, a saia caida, pendendo para um dos lados. Tão linda, ela provavelmente não saberia o quanto um homem poderia acha-la sensual. O celular tocou, tirando de seu pensamento toda aquela imagem linda, todo aquele pedaço de mulher, esperando ele, sentada ao chafariz. Era ela, dizia com a voz tranquila e morna que estava indo para o ponto de encontro, ele olhou para o relógio em cima da escrivaninha, 16:58, ele disse que estava saindo também. Eles disseram então que estavam anciosos para se verem, e ela disse que estava pensando em deixar o rumo do encontro fluir. Isso o deixou maluco, e mais ancioso ainda. Eles desligaram, e ele saiu correndo dali. Passou na floricultura e comprou uma rosa, não por achar o buquê caro, mas por saber que uma rosa era suficiente. Chegou ao chafariz pouco antes dela vir caminhando, com o passo macio, com a cabeça erguida de um jeito meigo, com os olhos castanhos fitando-o. Ele sentiu um arrepio, os pelos do seu braço se eriçaram, ela chegou, o abraçou e beijou-o, com força suficiente pra ele sentir a pressão dos seios dela no seu corpo. Era lindo, eles estavam incrivelmente apaixonados, tão apaixonados que talvez fosse mentira. Eles tiveram um ótimo fim de tarde e início de noite. Eles então pegaram um táxi, e quando ele dizia ao taxista que levasse-os para a casa dela, de onde ele iria embora de ônibus, ela o corrigiu, e disse que a noite ainda não acabara, que ela iria para a casa dele. Eles chegaram, ele pagou o taxista, ela entrou na casa. Logo em seguida ele também entrou, ela pegou duas taças e uma garrafa de vinho rascante. Esvaziaram a garrafa, logo, outra, e mais outra. Não é preciso dizer o que houve depois, é completamente previsível, e todos já tinham conhecimento do que aconteceria. Mas, não foi prazer por prazer, não foi a carne com a carne. Foi sentimento, foi bonito, foi além do desejo de um homem pelo corpo nu de uma mulher bonita. Eles dormiram, tanto cansados pelo fim da noite, quanto pela bebida. Ela acordou no dia seguinte, saiu da cama de fininho para não acorda-lo, fez o café da manhã, levou pra ele em uma bandeja. E ficou olhando, com aquele olhar que somente os apaixonados fazem. Depois, eles sairam, riram e cada um foi para a sua casa. Ela sentou na frente da televisão e foi assistir a mais algum filme de amor. Ficou com um sorriso bobo na cara, pensando nele e decidiu que ligaria pra ele. Ele estava tomando banho, pensando em como era sortudo por ter aquela ruiva ao seu lado sempre, quando o seu telefone tocou. Era ela, dizendo que estava com saudades, ele disse que também estava, que a amava, ela disse o mesmo. Combinaram de sair no dia seguinte, e no outro, e no seguinte, durante umas duas ou tres semanas consecutivas. Estavam amarrados ao clichê da vida amorosa, e eles sabiam.Estavam amarrados ao clichê da vida amorosa e não podiam estar mais felizes.
...
Para aqueles que sempre dizem que só tenho textos tristes, o mais bonito que o amor pode dar. Não, eu não estou apaixonada, mas estou num dia bom. Sim, também sei que é só mais um conto bobo de amor, daqueles água-com-açúcar que se vê em todos os filmes americanos. Mas é o meu conto de fadas, minha história boba, e eu gostei dela. Felizes os que têm o prazer de deleitar-se em uma dessas.

sábado, 18 de abril de 2009

Entre um comprimido e outro.

Ai, quanto tempo. Tanto tempo que dói. É inacreditável que eu tenha suportado tanto tempo sem escrever. Vou aposentar o blog. Por mais que não seja permanente, ele precisa de férias. E eu preciso por a mão na massa. Estudos, talvez. Me empenhar um pouco mais nas coisas que eu tenho feito. Enfim.
...
Não sei o que há de errado comigo, e não sabe-lo de fato me incomoda.
Talvez eu saiba e esteja fechando os olhos, negando terminantemente o que eu vejo, ou não.
Estou apelando para a clássica resposta de o problema é do mundo, e não meu.
O problema é que ela já não mais me satisfaz;
e a satisfação é a única coisa que eu venho pedindo.
A satisfação, a glorificação pessoal; quero acabar com toda a modéstia, e me embebedar do egocentrismo, mas, para isso, eu preciso realisar meus objetivos.
O problema é que os meus objetivos parecem correr de mim.
E os meus desejos se esvaem, como um momento que passou.
Eu fechei os meus olhos, por um segundo, e o momento se desfez.
Se desfez com a rapidez do piscar dos meus olhos.
E essa rapidez me assusta.
Eu desejo que as dores de cabeça passem.
Desejo que a minha inspiração se esvaia; talvez eu me torne normal.
Se bem que eu não sei o que é que faz uns normais e outros anormais.
A consepção é pessoal.
...
Texto de alívio, entre um dorflex e o tylenol. A enxaqueca me persegue, adeus.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Amém

E durante a minha árdua caminhada
deparei-me com a dura e triste verdade
Meus passos incertos me levam a lugar algum
meus vacilantes pés dão voltas ante a multidão.
Minha mente desvincila os rostos da arte,
e tudo que vejo são vultos ocultos pela opacidade do meu pensamento.
Cansei de estar entre todos e continuar a ser ninguém.
A ter um pensamento vasto a ser amplificado e pensar em nada.
Em ter todos os lugares para desvastar, e só me acomodar na minha cama não anatomica.
E de sorrir sempre sem saber o porque.
Porque eu sei que a cada passo que dou, caminho em direção ao meu destino.
Destino imutável ainda que cruel.
Caminho em direção a uma morte sem horas marcadas.
E isso destrói a minha perspectiva de um mundo feliz.
Imagino, sonho, voo longe como qualquer ser vivo,
que busca nas ultimas gotas de dignidade um pouco do gozo que nos faz querer viver.
E essa busca, meio que me tomou como inteiro e se tornou de único a minha vida.
...
Pré viagem, pré idiotices, pré estudos, pré stress.
Pretendo intensamente ter mais motivos de riso que de lágrimas na volta.
Amém

domingo, 5 de abril de 2009

Como em um filme de horror.

Correm boatos sobre a minha sanidade. Correm boatos, correm. E se escondem todas as vezes que chego perto de alcansa-los. Correm boatos, correm. Espalhei armadilhas por ai. Quem encontrar um boato perdido, me grite!
...
Sorrio, embora minha imagem interna se destoe.
Sorrio, embora não encontre tempo para tirar as manchas de esmalte das minhas unhas.
Sorrio, embora a minha dor me consuma todas as noites.
Sorrio, pelo simples ato de sorrir, tão costumeiro e passageiro.
Enquanto minhas memórias se desfazem como carne em putrefação.
Sorrio, e vou perdendo cada vez mais um pouco de respeito, alegria e principalmente sanidade.
Porque a cada suspiro, minha carne se torna mais fraca, e minha mente mais obtusa.
Comemoramos os anos passados ao contrário.
Tememos a morte, e fazemos de tudo para evita-la, mas cada ano que damos em sua direção, comemoramos.
Comemoramos o que?
Mais um ano de orgasmos bem vividos, ou de impotências destoadas.
Comemoramos mais um dia de mágoas, menos um dia de vida.
Comemoramos a tolice de amar, de lutar, de querer.
Enfim, comemoramos, porque é a única coisa que sabemos fazer.
Caso contrário, a crise nos assoma, nos atola, nos engloba.
E como pequenos ratos engasgados com o veneno, nós morremos sufocados pela impotência de fazer algo diferente.
Talvez, eu esteja caminhando na direção contrária.
E a correnteza esteja sendo teimosa em me trazer pra trás.
Acredito realmente nessa teoria.
Mas, eu tenho que tentar, enfrentar esse caminho agonisante, enfrentar o medo palpável que dança na minha frente.
A indelicadesa me convida para o baile, e eu venho há muito rejeitando esta convocação, temo que a curiosidade me embrulhe e que eu resolva dar-lhe uma chance.
Chovem lágrimas, lágrimas que choram sozinhas as suas inconcistências.
Tão diferentes do meu medo, elas são inseguras.
E o meu medo avança com tamanha ferocidade, que eu acredito que atropele o descuidado que pousar em sua frente.
Acredito que atropele os sentimentos que focam a minha paz.
E eu não consigo enxergar por entre os embaçados dessa manhã fria.
E a única certeza que eu trago comigo é que eu ainda tenho um ano inteiro de frustrações e perigos pela frente.
É um pesadelo interminável.
Espero com todas as forças do meu coração que daqui a pouco o despertator comece a alarmar e que eu acorde com o rosto suado e a garganta seca.
(Foi só um sonho, o pior já passou.)
Está tudo em negativa, a perspectiva foi lançada, é tudo depreciativo.
E a depreção se mostra uma amiga constante e inoportuna, como uma sombra numa rua escura.

...
As declarações estão mais vagas, interprete como quiser.

sábado, 28 de março de 2009

Tudo uma questão de visão periférica

Cada vez mais eu descubro que o futuro é um vetor duvidável. Espontaneo e sem fim. Fim que no regressar do tempo foi o início. Acredito friamente nisso: O tempo é contado de acordo com o nosso tempo. A escravidão veio depois de mim, o socialismo é só uma idéia na cabeça dos russos. Os carros voadores? Passado. Meu tempo é contado de tras pra frente (síndrome de Benjamin Button). Eu vou em direção à infância quem sabe? O tempo é uma idéia inconsistente, impalpavel, logo para mim, é praticamente inesistente (ceticismo é fogo). E eu entendo que as pessoas discordem, eu discordo de mim mesma o tempo todo. E entendo que outros concordem, ou fiquem hipnotizados com a teoria. Talvez me chamem de insana, e anormal, elogios os quais já me acostumei, além do mais, como um sábio me disse um dia desses: As mudanças socias vem das bases insanas. 'Frase sábia, fato.' Tenho orgulho das minhas fontes "filosóficas". O importante, para o meu egoísmo juvenil, é que toda vez que eu penso nos próximos dez anos da minha vida, eu vejo um fundo preto. Na verdade, mais que isso, vejo um fundo preto, daqueles de cinema, quando o filme já está rodando nas manivelas da sala de publicações, mas só se ve o fundo preto e o chuviscado de neve nas falhas da fita. Escuto os sons abstratos também. É impalpável o meu futuro. E saber que eu não formei planos, me assusta. Bem, eu não sou tão anormal a esse ponto, eu tenho vontades e desejos. Mas não os vejo alcansados, não os vejo na minha frente. O futuro fará seu papel, saberemos.
...
Morena do namorado armário
.
Moça do cabelo enrolado,
me tira o sono, me tira a fala.
Moça do olho arregalado,
me tira a poesia, me atrapalha.
Moça bonita do cabelo encebado,
no seu caderno dexei um recado.
"Vem pra mim, e desiste do teu namorado."
...
...
...
...
Choro ao leite pós posto
.
Ó vida! Por que escolhestes este caminho?
Por que fizeste de minha alma um pobre vizinho,
de olho na grama alheia?
.
Ó vida traiçoeira,
puzeste em minha mão a dádiva que desperdicei
Agora cato os fragalhos
da dádiva que despedacei.
.
Preciso encontra-lo,
dizer que me arrependo.
Palavras vazias não hão de traze-lo,
enfim, já o reconstruiram.
.
Outras mãos, mão estranhas
reconstruindo a minha dádiva.
Quem mandou derruba-lo?
...
Eu gostaria de assistir tudo de fora. Daria uma ótima novela. Visão periféria, eu repito. Não queria me envolver nas tolices que nossa geração decadente faz. Fazer como né?

terça-feira, 24 de março de 2009

Buscando paz

É fácil falar mal da vida alheia quando estamos cegos sobre a poeira de nossos umbigos. É fácil falar que a vida do outro é ruim, que o outro tem o cabelo feio, que é gordo, estranho, ignorante, burro. É fácil, fácil de mais. Tão fácil que chega a ser tolo e errado. É o sujo falando do mal lavado. É o roto falando do esfarrapado. E pode como o desmantelado falar do destroçado? Se não temos um braço, procuramos quem não tenha os dois para nos sentirmos melhor. E onde é que entra o autruismo? Somos egoistas, fato, egoistas, narcisistas, e estúpidos. Mas sabemos, pelo menos eu sei, enumerar os nossos erros e defeitos. Sou egoísta, invejosa, ciumenta, nogenta, estúpida, ignorante, estressada, pavio curto, inconstante, não sei ter força de vontade e desisto de tudo na metade. Não completo uma única dieta, e estou sempre brigando com a balança. O espelho constantemente me engana, ou será a minha opnião pessoal? Toda vez que eu acho que estou 90% posso reduzir esse número a pelo menos 40%. Não tenho vocação pra nada. Nem pra vender pipoca na esquina. Não tenho o dom das palavras, não sei fazer valer nada que digo. Uma pena. Uma grande pena. E sempre que paro pra pensar sobre a minha vida, sobre o saldo, o balanço do fim de mês, me decepciono com o baixo valor do saldo positivo. Enfim. Não vale a pena. Nada vale. Sofrer as ansias de um dia ‘bom’. Chorar as palavras azedas que um ser humano cego de si próprio dirigiu para mim. Não pretendo me decepcionar com palavras tolas, tão pouco com as palavras tolas de pessoas que não me conecem. Tudo são preceitos, preconceitos, e idiotices. São bobeiras que nós aprendemos e não desvinciliamos. É preconceito puro. Para com a minha pessoa. Não sou o ‘padrão’, assim como 70% da população. Mas, eu posso ser, desde que tenha o peso moetário. Fique calmo meu bem, ao contrário dos adolecentes que compram carros no fim do ensino mérdico, eu irei comprar o cabelo louro e liso, os olhos azúis e os dentes lindos. Academia ai vou eu. Quase um robo. Mas o preceito que vocês tem pra vocês.Ou eu vou pros EUA, exibir o meu quadril brasileiro pros gringos loucos por bundas. To feita.
...
Escreva histórias tristes, e você será um poeta vulgar.
Mas escreva histórias alegres, e se considere o melor poeta do mundo.
...
Temos nossos talentos, estou em busca do meu.

domingo, 22 de março de 2009

Aprenda a fazer mentiras virarem verdades

Que palavras tolas eu vou despejar aqui desta vez? O que eu posso dizer que fará com que meu coração volte a bater com vontade? Uma mentira dita cem vezes vira verdade. 'Eu to bem.' 'Eu to bem.' 'Eu to bem.' 'Eu to bem.' 'Eu to bem.' 'Eu to bem.' 'Eu to bem.' 'Eu to bem.' 'Eu to bem.' 'Eu to bem.' 'Eu to bem.' 'Eu to bem.' 'Eu to bem.' 'Eu to bem.' 'Eu to bem.' 'Eu to bem.' 'Eu to bem.' 'Eu to bem.' 'Eu to bem.' 'Eu to bem.' 'Eu to bem.' 'Eu to bem.' 'Eu to bem.' 'Eu to bem.' 'Eu to bem.' 'Eu to bem.' 'Eu to bem.' 'Eu to bem.' 'Eu to bem.' 'Eu to bem.' 'Eu to bem.' 'Eu to bem.' 'Eu to bem.'... Um milhão e meio de vezes de palavras falsas que se repetem. Um milhão e meio de palavras falsas e frígidas, palavras que não dizem nada, tão desconexas e sem contexto como 'maçã azul'. Ai, essas dores. Dores que a biologia não explica. Espasmos no coração que não tem remédio. Fraturas claviculares que não se reparam. Traumatismos recentes, incoerentes, que não se remendam. Médicos estúpidos e impotentes. Não me ajudam, não me curam. Palavras tolas ditas por bocas indiferentes, palavras tolas ditas por bocas inconsequentes, palavras tolas, que me magoam. Ditos populares que não me atingem. E o meu futuro? E o que eu vou fazer? Eu não posso esperar que a minha vida se resuma a redações quinzenais e à aulas diárias. Me devoram, voram devoram. Ai, falar ai um zilhão de vezes, o prazer que as duas letras me dão. Chorar, e dar desculpas. Não quero um motivo para chorar, ainda que me sobrem. Tudo parece um texto suicida. Tudo parece uma carta anunciando o imintente fim. Mata, me mata, sobressaia dor rasa, engole, devore, rasgue dor mata. Mata, sorria, não esqueça. Ria, ria, mamãe quer saber que você tá feliz. Ria, ria, não diga pra mamãe que não é o que você quer. Ria, ria, não chore, mamãe vai ver. Ria ria, mamãe vai contar pro papai, e ai já era. Chora, lamenta, se tranca num quarto. Ponta cabeça, lagrimas escorrem, molham meu cabelo recem lavado. 'Não conte, é segredo' É um segredo! Não conte pra ninguém que você tá ficando maluco. Não conte, podem te levar pra ala psquiátrica. Não conte pra ninguém que você tá perdendo o juizo, mamãe se zanga. Durma agora, amanhã melhora. Não olhe pra trás, esqueça o ciúme, se encha de orgulho, cale suas palavras dispensáveis e batalhe pra conseguir o que mamãe projetou. Só não diga que não aguenta, que suas lágrimas acabaram e você já começa a chorar sangue. Não entregue o jogo assim. Aguente, respire. Amanhã vai tudo melhorar. Acredite. Acredite, e repita. (Uma mentira dita cem vezes vira verdade)
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Tranquila lavadeira, estende roupa no varal. Lençol manchado vira pano de chão. Toalha rasgada seca o cão.
Nada se perde, tudo se aproveita.
Preta, ama de leite. Amamenta filho branco.
'Mãe preta, dói'
Mãe preta cura. Mãe preta não machuca.
Ajuda, ajuda.
Mãe preta apanha, doi.
Dor amarga e sanguenta.
'Não chora.'
Mãe preta segura.
Amarga traição.
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Desoladamente, desesperadamente, choro meus ais. Inútilmente, sozinha e regurgitando palavras choro meus ais. Espelho companheiro eterno. Pelo menos em quanto eu tiver um corpo pra refletir. Conversas suaves que tive com você espelho. Dorme que a dor se afaga. Dorme que a claridade se aproxima. Espera, amanhã melhora, eu prometo.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Danos irreparáveis

Eu tinha preparado um texto lindíssimo. Um texto grande, sobre os sentimentos atuais. Lindíssimo. Se perdeu por entre meus rascunhos. Me sinto incubida de acha-lo. Acharei-o, paciência. Não vou tentar refaze-lo, porque não ficaria bom e eu não poderia compara-lo com o original. Tão pouco hei de conta-los, porque há de estragar a surpresa. Então direi somente, que sinto. Sinto muito. Sinto saudades. Saudades do que aconteceu, do que acontece e do que ficou só na minha mente. Me pergunto se as coisas poderiam ter sido diferentes. Me pergunto se de alguma forma eu poderia mudaro jeito como as coisas terminaram-se bem que ainda não terminaram enfim. Sinto como se perdesse o meu melhor amigo. Como se ele tivesse se casado ou coisa parecida. Infelizmente eu ouvi Adeus, e disse Adeus, com lágrimas nos olhos, e implorando pra ficar. Sequei as suas lágrimas em mim, e derramei tantas outras junto. É a mão que te bate, que te cura. O problema foi que eu bati sem saber. Bati sem ver e no escuro. Mas disse Adeus, e não estava pronta. Adeus é uma visão tão permanente. Me dá uma sensação petrificante e impotente dize-lo. Como se todo um mundo, todas as memórias, todos os risos, de repente se esvaissem. E se esvaem pela dor que causa, um Adeus. Um Adeus sem culpas, mas cheio de remorsos e abstinências. Um Adeus que dói tanto que me faz pensar não ter fim. Fim que não vejo próximo, não vejo caminhando, nem ouço falar. Me escondo inocentemente, como um coelho procura se abrigar. Me sinto sozinho e desvaido de esperanças e ilusões. O mundo é feio. Feio e repugnante. E pessoas dizem Adeus o tempo inteiro. Quando morrem, quando vão embora, quando casam, quando somem. Querendo ou não dizem Adeus. E a dor parece ser insuperável, e as memórias parecem ser inalcansadas. Mas passam, como alguma flexa em camera lenta. Mas passam, passam em dias, meses, anos. Mas passam. Porque apesar de parecer o contrário, nenhum estado é permanente. NADA é permanente. Nada, nem Ninguém é uma constante. E por não sermos, ou vivermos constantes, não podemos descrever nada, nem uma pessoa. E eu acho que por isso somos assustados.
Não sei dizer Adeus, entenda, eu estou tentando, mas não aprendi. Revogo a glória do orgulho, se retire sim? Vou tentar dize-lo. Saudades, minha abelha campestre.
...
A dedicatória é o mais importante? Dedico a ti meu querido leitor, e principalmente a ti, minha pequena Zadra. Que nossas promessas sejam cumpridas, e que esses anos não se esvaiam em vão. Sinto, impiedosamente, uma falta imensa da sua presensa. Vá-se-lá entender a mente humana, adquirimos costumes, e quando infelizmente abandonamo-os, sentimos falta. Falta. Muita falta, inundada no sangue quente que meu coração bombeia. Bombeia lentamente quase parando, a Falta intupiu as veias. É que eu não sou científico, uso palavras carregadas de metáforas e metonímias. Mas busco incansávelmente-como a água que bate na pedra- o equilíbrio. Espero que você minha querida Zadra- e todos que respiram- encontrem esse equilíbrio. Amo. Muito. Você. Minha Zadra. Não me abandone. Não cogite por um segundo essa idéia. Não me esqueça o riso-principalmente os causados por você. Não me esqueça a fala escassa e o jeito exêntrico de falar/escrever. Não me esqueça por fim o amor. Se escolher esquecer algo, esqueça o nome, pois é completamente inútil diante de tanto amor. Lembre de mim pelo nome que preferir. Ou melhor, de-me um nome a cada dia. Mas não esqueça meu substancial. Pois todo o resto 'é só uma questão de nomenclatura'.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Quebremos a lei da física

Ouço constantemente que dois corpos não ocupam o mesmo espaço. Discordo. Vamos observar o ponto de vista teórico: e se o pensamento fosse um corpo. É de tamanha importancia entendermos que ocupariam dois, tres, cem milhoes de corpos o mesmo lugar no espaço tempo, vulvo: um corpo se sobreporia a outro, até que se tornassem um só. E no fim não é isso? Vários pensamentos empilhados juntando um? Existem as diferenças esporáticas-é verde, é azul- diferenças vívidas, compreesíveis e inemutáveis. Inemutáveis? É, inemutáveis, porque são diferenças existentes hoje, ontem, amanhã. O que eu tento provar, é a possibilidade de dois corpos ocuparem o mesmo espaço. Por mais que não fisicamente, mas mentalmente, espiritualmente, e intelectualmente, e não há ceticismo que o negue. Estamos todos unidos, por mais que hajam desavensas e os acordos metafísicos não sejam traçados sempre pelo mesmo contingente de pessoas, sempre há mais uma pessoa no mundo que pensa, sobre um determinado assunto, a mesma coisa que você. E isso é inemutável. E se é inemutável, é uma constante, e constantes quebram leis da física. Física é um conjunto de leis. Leis são feitas para serem quebradas. Logo, como em toda boa gramática-a portuguesa é um bom exemplo- existem as convencionais exeções. Exeções que quebram a regra, e fazem de tudo que vc um dia já aprendeu se tornarem um bando de informações inúteis que escorrem pelo ralo. Informações. Grande contingente de palavras intupindo a minha maça cinzenta. Intupindo a minha mente de dúvidas e repugnâncias. E ter dúvidas são as maiores provas de ignorancia. É que como ser humano eu sou ignorante, sou medrosa e inacabada. Um trabalho de séculos que nunca se acaba. Matéria se sobrepõe à matéria. E no fim é tudo o que somos, um monte de matéria canibal clamando por atenção. Canibalismo facultativo, vergonhoso e clemente. Clemente? É, clemente, clemente de perdão e atenção. É atenção, alimenta o nosso ego. Faz bem para as pessoas egoistas que formamos. Atenção que alimenta nossas personalidades complexas e cínicas. Complexas nem tanto, a simplicidade abunda: Somos pequenas ervilhas narcisistas numa vagem egoista. Buscamos atenção, não sabemos da-la. Não nos interessamos por NADA, na vida de NINGUÉM, a menos que isso nos traga um pouco de glorificação pessoal. É o gozo de uma vida feliz. O orgasmo final. Glorificação pessoal: Olhar pro espelho e dizer 'Putz, eu sou tudo que eu sempre quis!' E nós não somos. Pensa ai. Por um segundo. Eu sou o gênio da lâmpada (IEEEEEI!), e eu te concedo tres desejos sem regras. Escreva, comente, mas faça-o do coração. E eu te direi se somos ou não egoistas e materialistas. Não to descriminando ninguém, eu também o sou. Eu desejaria que EU passasse no vestibular, EU recebesse na loteria e EU tivesse uma vida cheia de glórias e honras. EU, EU, EU. Eu sou egoista e adimito. As oportunidades são caras de mais, raras de mais, para se desperdiçar com o bem alheio. Eu poderia pedir a maldita 'paz mundial' por uma questão de ética. Mas não é a ética que eu estou debatendo. Pense nisso, por um minuto, e comente. Pense, não mata, não dói, não cansa. Pense.

terça-feira, 10 de março de 2009

DISinvolvimento

O cansaço me engoliu por inteiro. Me sinto cada vez mais derradeira, como se cada vez que eu caio, um pedaço de mim ficasse para tras. Essa sensação é penosa, a pior de todas, se sentir inutilmente estúpido, inutilmente frágil, inutilmente transparente. Cadê as minhas máscaras? Por que elas cairam e eu não peguei? Cadê o mistério do qual me julgava dono, cadê? Onde estás canção desolada do coração partido? Sua letra foi apagada da minha mente, da mesma forma que se apaga lápis com borracha. Decorei o lema dos DISINVOLVIDOS. "Não procure, porque quem procura acha, não peça, porque vai dar trabalho, não fale, não respire, não haja, não seja nada do que se possa um dia ter orgulho, seja assim normalmente inutil, normalmente esquecível, normalmente uma linha falha num texto de algum bebado de esquina." E depois de tudo isso, tenha como seu hino a Ciranda do coração despetalado:
*
Ciranda do coração despetalado
*
Minhas palavras são atos falhos
Seus olhos são rios rasos
Que choram desbotados
as incertezas da escuridão
*
Cansei de chorar sozinha

presa no escuro do meu quarto
Minhas lágrimas se dissolvem à agônia
e meus soluços ecoam no infinito
*
Não quero mais me prender

decidi que a distância é a melhor opção
Mas eu gosto desse veneno
do qual me embebedo
toda vez que te venero
*
Sei que me engano

sempre que prometo
Que nao vou errar de novo
e que não de novo me apaixonarei
*
Achei

que era capaz de fugir de tuas garras
Pensei
que amar não fosse nada
E menti, de novo, para mim
*
E de novo, fui a ultima a ver

o quanto estou envolvida
no branco dos seus olhos,
no quente dos seus abraços
*
Na sensação na qual me perco

sempre que fecho os olhos
E me vejo como teu desejo
mais frio e obsoleto
*
Não preciso que me compreenda

só rezo pelo seu carinho
No meu coração há uma fenda,
acho que você já sabe o caminho
*
Preciso que você

preencha esse vazio
E você sabe porque
esse é o seu destino
*
O de me acalmar

me acalentar o pranto
Me fazer chorar
com somente um canto
*
Não peço muito não

só quero um lugar ao sol
A sua mão na minha mão
É o final feliz pelo qual eu tanto luto
*
Não há mais palavras, o que foi dito não pode ser multiplicado. Sou DISINVOLVIDA, e você?

domingo, 8 de março de 2009

Nâo achei títtulo compatível.

Mais uma vez eu pondero o poder das palavras. Estou triste, fato. Triste pela inconsistência dos meus atos. É tudo tão incerto que eu chamaria de gelatina. Uma novela mexicana, toda a minha vida, baseada numa novela mexicana. Aquela em que os irmãos se casam sem saber que são irmãos e têm um filho doente, e que a mãe na verdade é mãe do tio e que a vizinha é sua mãe. Aquela zona. Uma novela mexicana em que um 'você derrubou água no chão' acaba se tornando um 'você inundou a minha casa, saia daqui, eu te odeio e não volte mais'. Eu me pergunto o que esses roteristas fumaram antes de escrever uma novela. Já que o assunto hoje é escrita, caramba, deu um trabalho escrever essa maldita redação. Dessa vez eu penei mesmo, mas escrevi, e ficou boa. É, até o Elvis ficava rouco de vez em quando. Completamente inútil esse comentário. Completamente inútil metade dos comentários que saem da minha boca. E é por isso que eu vou começar a evita-los. Evita-los porque muitas vezes os comentários por mais inocentes que sejam podem machucar as pessoas mais importantes pra você. E eu sei disso, eu vivenciei isso, e me magoei com isso. Me magoei porque a maior dor, a mais amarga delas, é quando você magoa uma pessoa que ama muito, e que não precisava ser magoada. E o que se faz depois disso? Bom daqui a uns 200 anos a resposta vai ser simples: 'entre na máquina do tempo, agende para o dia de ontem, e não fale, diga que tá com dor de garganta.' Mas como eu não vivo 200 anos a frente, eu preciso achar outro meio. E o meio mais correto que eu encontrei foi pedir desculpas, encontrar perdão, e não repetir o mesmo erro duas vezes. Porque errar duas vezes é burrice. Não que haja maldade nos erros. Acho até que na maioria das vezes eu os cometo por ingenuidade. Assim como foi dessa vez. Ingenuidade. E, infelizmente, eu não tenho mais idade para cometer erros ingenuos. Então, o que eu tenho a fazer agora é me policiar, e evitar a ingenuidade. Fora isso e o drama do vestibular, tudo corre bem. Ai vestibular, pra que te quero? Bem, agora como atividades extra curriculares: dormir, estudar, estudar e estudar. É, não me agrada muito também, mas, fazer o que né?
*
Rascunho
*
Florecem no papel
palavras desbotadas
Palavras amargas
e mal desenhadas
*
Correm no papel
letras garranchadas
estrofes inacabadas
sobre dores e traumas
*
No papel escritas
palavras sem rítmo
Frases sem rimas
história sem sentido
*
No rascunho do papel
minha alma é escrita
De modo singelo e simples
de uma maneira só minha
*
Rascunho que rabisco
que apago que amasso
Rascunho que jogo no lixo
e então assim me desfaço
*
Não peço nada além de compreensão. Não, compreensão é difícil. Não quero pré conceitos, só isso. Assim como todos sou um ser humano inocente da burrice e culpado da estupidez, e não tenho que me desculpar por isso. Então eu peço desculpa por não pensar. Por ser egoísta e irracional. É por isso que eu peço desculpas. Essa postagem, toda ela, cada parte, cada vírgula, foi dedicada, claro. Mas não vão haver citações, não vão haver mais esposições. À minha querida amiga, toda a sinceridade do meu coração.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Palavras bobas.

E eu me pergunto várias coisas. A maioria delas envolve erros que eu cometi e que poderia ter evitado; palavras que eu disse e podia ter engolido; pessoas que magoeei e poderia nao ter magoado. E todos os meus erros tem como maior consequência a dor. Ainda que não minha, mas de pessoas que nunca têm culpa. Eu vejo os risos se tornando cada vez mais cínicos, e as promessas cada vez mais vazias. E cada vez mais as minhas palavras se tornam mentiras. E apesar de uma mentira dita cem vezes se tornar uma verdade, no fundo é sempre mentira. Se bem que, talvez a mentira seja o melhor modo de nos mostrarmos sem máscaras. Eu sei pode não fazer muito sentido, mas para mim faz todo o sentido do mundo. A receita é a seguinte: Minta, minta até que só te sobrem verdades, use as verdades como mentiras, e faça as pessoas gostarem de vc pelas suas meias verdades. Mas não é que uma meia verdade também é uma mentira? Então, é tudo mentira. Não existem as verdades completas, as verdades concretas, ninguém as conta. Quem viveu sabe, e quem conta faz desvios, desvios esses que se tornam mentiras.
*
Jardins do Éden
*
-Não seriam lágrimas
as gotas em seus olhos?
-Eu trago mágoas
mas não destroços.
*
-Seu passado te assusta?
-Só de noite quando penso
e esqueço da felicidade
que me engolia por inteiro.
*
-E no futuro o que te espera?
-Não faço menor idéia
não me julgo dono da terra
não busco idéia serena.
*
-E do presente o que me conta?
-Vivo bem é verdade,
apesar da óbvia maldade,
pretendo viver eternidade.
*
-Nome e precedentes?
-Nomes são rótulos
então eu sou Estridente
precedentes? os dinossáuros.
*
-E tem algo que queiras fazer?
-O fruto daquela macieira
-Escalemo-a vamos comer?
-Já era hora de la devorar
*
Interpretações são bem vindas. Ainda aceito opniões diversas, embora que com alguma resistência. Acho que falta alguma coisa para concluir a postagem. Se alguém tiver uma idéia me dá uma luz.

domingo, 1 de março de 2009

Compre Palavras

Novo dia, novos problemas, novas dores de cabeça. Ah, tudo que eu quero é voltar praquele tempo que nada era errado, e tudo era uma simples brincadeira. Queria me esconder de baixo da barra da saia da mamãe, pelo menos por uns tempos. Decisões, todo mundo esperando que eu as tome. Parece que finalmente eu to me tornando uma adulta, mas eu não quero. Eu sou uma criança, quero me preocupar com a roupa que eu vou por amanhã na festa, e se aquele 'gatinho' vai estar lá. Eu não quero saber o que eu vou fazer no resto da minha vida. Por que tomar essa decisão agora?
*
Pequenas crianças magoadas
*
Somos frios
somos enganos
Somos rios
somos ciganos
*
Somos corações destroçados
buscando abrigo nos estilhaços
De outros corações amargos
*
Somos mágoas amontoadas
tentando sobreviver às lágrimas
Que nossas vidas azedas
despejam em cascatas
*
Somos hipócritas almas
que buscam amor e alegria
Noutras pessoas
tão feridas e desoladas
*
Não doamos
nem um pouco de amor
Nos apossamos
dos outros, e nos dizemos altruistas
*
E na calada da noite
se engulirmos nossas lágrimas
Podemos ouvir o mundo
soluçar as mesmas mágoas
*
Mas no fim todos sabemos
somos apenas crianças
Tentando andar nos firmamentos
sem perder as pernas
*
E todos temos os mesmos sentimentos
todos temos os mesmos problemas
Embora que em diferentes momentos
*
Chorar não adianta agora
o que foi é passado
O que vivemos é uma dádiva
e o Futuro é um segredo
*
Palavras são a solução. São o melhor remédio. Palavras. Compre Palavras no supermercado da esquina.