sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Espíritos da natureza


Eu senti desejo e repulsa. Você jurou e prometeu entre carícias e dedos dançando na minha nuca, uma utopia que na verdade não poderia realizar.
Eu senti amor e ódio. Você dizia os céus e a lua entre beijos dilacerados trucidando a minha boca.
Eu senti ânsia e preguiça. Você dizia seu amor fundo de mar entre abraços inacabados que morriam na praia.
Eu senti nostalgia e raiva. Você soprava meus ouvidos com palavras vivas e vermelhas que só poderiam ser mentira.
Eu senti felicidade e agonia. Você virava as costas e dizia adeus como tantas outras vezes eu previra.
Eu senti tristeza e liberdade. Você sonhava vulgaridades com mulheres fáceis que não me incluia.
Eu senti amor e alegria. Já quase esquecia você, e pra mim vivia.
Eu sentia desejo e repulsa. Num passado que não mais me cabia, você jurou e prometeu entre carícias...
Eu sentia amor e ódio. Num futuro próximo, você macularia a lua, dilacerando beijos e trucidando bocas.
Eu sentia ânsia e preguiça. Os céus me enviavam um anjo sem asas, dizendo amor fundo de mar, entre abraços que finalmente poderiamos acabar.
Eu sentia nostalgia e raiva. Me encontrava mais uma vez submissa ao amor platônico.
Eu sentia felicidade e agonia. Eu me envenenava e me tornava escrava de uma substância ilícita que aos poucos me matava.
Eu sentia tristeza e liberdade. Mais uma vez o amor me desiludia. Abandonei minha carcaça na terra, e rumei aos céus.
Eu sinto o vento voando minhas asas, quando me confundo às abelhas em busca de néctar.
E sinto meu poder limitado, quando crio árvores e pomares plantando pequenas sementes.
Faço parte dos espíritos da natureza, tomando conta da água, terra, fogo e ar; recebendo ordens das magníficas Devas; brincando com os faunos e gnomos da floresta.
Existe poesia até nas mais sombrias histórias de horror.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Não há espaço

Não existe espaço para você. Você me invade, me macula. Você estraga a minha sensibilidade. Não existe espaço para o amor. O amor me destrói, me limita. O amor estraga a minha autoridade. Não existe espaço para a dor. A dor estraga a minha dignidade. A dor me castiga, me penalisa. A dor estraga a minha confiança.
Não existe espaço para mim. O mim me transforma, me muta. O mim estraga a minha sanidade.
(Felizes são os que amam a cima de tudo. Ou felizes são aqueles que não tem a quem amar?)
Há falta. E quando falta sobra orgulho. E quando sobra orgulho, continua faltando.
Eu busco infreadamente uma maneira de me roubar de você. Uma maneira de despistar você. E o problema é que você me rouba sem saber. Você transforma minha atenção em vício. Você infringe as minhas leis. Mas você é um demonio anonimo. Você me sequestra e me domina. Não há amor. Há submissão. Uma submissão descrente. Mon agonie.