domingo, 20 de março de 2011

O labirinto do fauno

Noite nuviada, sem luar
empírica, desfacetada
As estrelas sem brilhar
dos enamorados ocultada

Na escuridão suprema
nem ao menos um tintilar
De luz perene eterna
nem se viu falar

E nesta noite escura
desprovida de ressonar
Tantos amantes à procura
de seu eterno amar

Corpos nús desfigurados
estretidos à uma dança espetacular
em milongas inebriados
pasmos de tanto bailar

O povo da floresta
veio então prestigiar
Fez daquela festa
algo particular

Até hoje não se sabe explicar
o que houve em tal ponto
Mas aquela noite sem luar
pariu a primeira leva de loucos

E até hoje eles estão
na terra em todo lugar
Somos filhos em função
da floresta, nosso lar

sexta-feira, 18 de março de 2011

Queda

Eventualmente, a popularidade dá uma queda.
Geralmente, você nem liga, porque não tá muito afim de ser popular.
Entretanto, eventualmente, só eventualmente...
Você pode estar num dia em que precisa ser alguém.
E não adianta você se dizer e tentar convencer de tal, mas precisa, necessita, quer, que um outro o diga.
E nesse momento, você decide que não quer mais pseudonimos, e esconderijos.
Você quer ser você, e quer que isso seja suficiente para o resto do mundo.
Então, você, sabendo que essa dor existe e é macabra, trate de se concientizar, e ser bonzinho com o coleguinha.
Assim sendo, sinta piedade, e elogie as pessoas, quando elas precisam ouvir que são boas.
Isso me inclui, em alguns momentos.
Tais como este.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Solstício

O seu sorriso ofusca o sol.
Quanta poesia mais eu posso fazer dito isso?

O seu olhar esvazia o mar.
Quantas palavras mais posso rimar depois disto?

O seu coração faz o meu pulsar.
Quanto tempo mais poderei viver em teu domínio?

quinta-feira, 3 de março de 2011

Os seus olhos loucos

A vastidão do mundo cabe nos seus olhos.
Os seus olhos loucos que me deixam inebriado.
A vastidão do mundo, que eu acho nos seus olhos, e que me perdem de tudo.
Os seus olhos loucos, que me confundem, me hipnotizam.

O silêncio do universo cabe nos seus lábios.
Os seus lábios suplicantes que me deixam afobado.
O silêncio do universo, que mora em seus lábios, e que me deixa inquieto.
Os seus lábios suplicantes, que me confundem, me hipnotizam.

O planeta inteiro cabe nos seus dedos.
Os seus dedos sábios que me deixam impotente.
O planeta inteiro, que vive em seus dedos, que me privam de atitudes.
Os seus dedos sábios, que me confundem, me hipnotizam.

A angústia dos amantes cabe no seu sorriso.
O seu sorriso fácil que me deixa atônito.
A angústia dos amantes, que transita seu sorriso, que me paralisa.
O seu sorriso fácil, que me confunde, me hipnotiza.

Mas não achei lugar,
nos seus olhos loucos,
lábios suplicantes, dedos sábios, sorriso fácil,
que me comprovasse que você pode amar.

E tão perdido,
nos seus olhos loucos,
lábios suplicantes, dedos sábios,
não busquei saber por qual razão
se privou de tal.

Quando tão maluco,
por seus olhos loucos,
lábios suplicantes,
também meus lábios desataram,
pelos seus suplicar.

Mas como você, do amor,
havia se privado,
só me sobrou indignação
dos seus olhos loucos.