sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Aposta

Eu abro a boca num grito frenético que ninguém ouve. É como se eu falasse comigo mesma o tempo inteiro. E seria mentira se eu admitisse pra mim que falo pra ninguém ouvir? Estou adentrando a cova que minhas mãos cavaram, eu grito, pra dizer que tentei viver. Mas é uma tentativa insana, pois não quero que ninguém me salve.
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Na completa imensidão do vácuo, há erro e destruição. Como uma bomba de oxigênio que explode na incompreensão da inexistência de gases. É que a verdade não é tão clara quanto abstrata. Não há certeza que cubra os vestígios do além. O além que só o crente acredita. Porque ser crente, é crer sem bases físicas, químicas, matemáticas ou biológicas. Ser crente é entender
que o que há não há, se não houver fé. Que a fé moveria montanhas Ele disse. Sabedoria e devoção, louvor ao Senhor.
É entender que há verdade nas entrelinhas, que a ilusão muitas vezes nos carrega. Há verdade no invisível. Você não ve porque é proibido.
Poderia quem experimentar o líbido do conhecimento?
Porque conhecer mata o conceito de fé.
Porque conhecer nos mata.
Um segredo tão grande, que nos corrói.
Então, de que valem nossas nostalgias? Nossas verossimilhanças?
Valem da nossa plenitude.
Uma alma voa rumo ao céu.
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Existe um quê barroco
nesse coração que embargo.
Existe um porquê intenso
nessa figura que expresso.
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Que não dirigires à mim palavras de ternura,
se não, porém, por tua convenção.
Porque teu coração dispe o meu,
com facilidade e voracidade que assustam.
Que minha ingenuidade e fraqueza,
alimentam tua fome clichê.
E platoniza um amor obsoleto.
É como buscar das estrelas o brilho eterno,
e dos mares, as águas límpidas.
É como viver de utopias.
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É que meu coração ainda bombeia em minhas veias o romantismo.
Meu corpo se escancara em um grito mudo.
E minha estupidez cega meus olhos burros.
Eu acredito em milagres.