domingo, 20 de dezembro de 2009

Insegurança

O que me falta dos carinhos e confições que me o faça chamar de meu? Que se perdem entre os devaneios da minha mente, onde há o vazio inóquo das palavras que me foram ditas? O que me falta, para eu toma-lo como meu? Por que me parece que estás prestes a correr, e quanto mais eu o puxo, maior a sua ânsia de soltar-se? Por que os teus braços não me seguram, não me apertam? Por favor, não me deixe ir agora. Por favor, me leve por esta noite, onde os céus dos calafrios, e as lamparinas das estrelas tintilam o nosso caminho. Por favor, vamos andar pelo prazer, e não ansiar o destino. É que eu não encontro forças, maiores que estas palavras, que me fixem à este contexto. Por que dizer é mais fácil que fazer? Não, não faz sentido procurar a vã matéria do indefinido. Que eu não corro por mares desconhecidos sozinha. É que eu tenho medo de escuro. Do nevoeiro indigesto, do frio corrosivo. Do negro enchendo os meus olhos, por mais que aperte-os para enxergar. É que eu quero uma mão amiga. Me ditando as ordens, me dizendo as cordenadas. É que eu quero um beijo profundo, alcansando o mais profano dos meus pensamentos, exalando os odores do acasalamento. É que eu quero o teu queixo abstrato, com a barba por fazer, dançando no meu pescoço, eriçando os pelos do meu braço. E a tua mão, catando por baixo da blusa, a minha cintura nua. Transformando o escuro inerte num espetáculo de luz e som. Os fogos de artifício uivando o fim, ou o nascimento, de uma história. É que na minha dor, eu procuro o teu cheiro, reconfortando as minhas narinas. É que na minha angústia, eu procuro a tua barriga, comprimindo os meus seios, quando tua boca afaga a minha ânsia. É que eu procuro o seu rosto, em meio à multidão dos não facetados, quando o medo me encontra. É que eu faço tudo isso, sem saber, se o mesmo faz você. E esse não saber, e essa insegurança, transforma meus sonhos mais bonitos, em verdadeiros holocaustros, me assassinando, sem piedade. É que a minha mão, ainda procura a tua, todos os dias. É que o meu pensamento, não falta você, me dizendo, me querendo, me bebendo, me tomando, como tua. Que eu ainda esqueço, que nao sou dona, nem de mim própia, que dirá de você. Que dirá dos teus olhos, dos teus lábios, das suas mãos. Não importa a minha relação, desde que me olhes, me beijes, me toques. Só falta a mim mesma, entender essa relação.

3 comentários:

  1. Maravilhoso, me emocionou demais, lágrimas escorrem com facilidade como o sorriso de te ver nessas palavras. Beijos Katia

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  2. Nunca conheci alguém que escrevesse tão bem como você escreve. Amo ler as coisas que você posta, são perfeitas .

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  3. Um dos textos mais intensos que já li. Sem mais.

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