terça-feira, 13 de novembro de 2012

Desejo

Vem.
Pelo simples ato de vir, vem.
E me abrace agora, sem medo de se entregar.
Faz do meu peito teu pranto, e faz lamúrias pro meu olhar.
Que se faz tão rápida sua estadia, tão rápida quanto precisar.

Fica.
Se puder pernoitar, fica.
Fica pra espantar a angústia, que cisma em me acompanhar.
Faz dessa solidão, andança, e deixa passar.
Que se faz tão triste minha noite, quanto o seu não estar.

Persiste.
Por folga e desilusão, persiste.
Persiste em me amar sem mágoa, que tanto faz em brotar.
Faz desse verso, guia, e deixa estar.
Que se faz tão vazia a minha vida, sem o seu amar.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Embalo

E a sinceridade que prometi, te dei.
Cumpri todas as minhas promessas nessa história.
E se não foi amor, não foi mentira.
Mas veja bem, você precisa entender, meu coração pertence à outro alguém.
E se tá ruim agora, depois piora...
Vou conquista-la e dizer para você.
E pedir desculpas em cada intervalo para não parecer grosso.
E quando estiver com ela em meus braços, te digo tchau.
Mas não se preocupe meu amor, não é nada pessoal.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Passagem

e se um dia
meu olhar por tanto cansaco a perder...
com maos cegas a tatear acharei voce

e se um dia
minha boca por desuso se colar...
em linhas tortas falarei a voce...

e se um dia
meus pes por tanto andar se paralisar
os meus pensamentos farei chegar a voce...

e se um dia...
e se um dia toda dor passar...
e se um dia?
e se um dia toda dor passar?

serei capaz de fazer valer...
serei?
serei capaz de te amar...
serei?

e se um dia serei...

domingo, 5 de agosto de 2012

Ruiva

Ela me olhava.
(Tão linda que doía.)
Ela vinha séria, tentando desenroscar o cordão dos cabelos.
(Tão linda com os cabelos cor de fogo esvoaçando levemente...)
E eu só pensava em como eu a queria toda pra mim.
E as palavras martelavam na minha cabeça...
Eram tantas coisas que eu queria dizer pra ela...
E então ela me alcançou e riu.
(Ela parecia uma criança aprontando quando ria.)
Eu disse que ela ficava linda emburrada, e ela fez biquinho pra me provocar, como se fizesse birra...
(E como aquele biquinho me provocava...)
Ela perguntou se eu estava pronta para o cinema, eu disse que sim. Mas esqueci de dizer que eu estava pronta pra tudo, contanto que ela estivesse do meu lado.
Levantamos. Demos dois passos.
Ela puxou a minha mão. E apertou com força.
Eu a olhei.
(Por que?)
Ela riu. E disse que me amava.
Eu ri e apertei a sua mão mais forte.
(I'll tell you something, I think you'll undearstand...)
Eu perguntei se ela podia ser sempre só minha.
Ela soltou a minha mão.
(Droga, eu disse alguma coisa que não devia!)
Parou e me fez parar.
Me olhou, com aqueles olhos... E me disse sem palavras que já era minha.
Então, como se fossemos só nós no pátio do shopping, ela pousou a minha mão na sua cintura, e pôs a mão por cima da minha.
Com a outra ela afastou os meus cabelos da nuca e me deu um beijo forte.
E como já era de costume, se afastou dando uma leve mordida no meu lábio...
(Ela me deixava louca quando fazia isso...)
Eu a apertei com força, e a trouxe de volta quando ela tentava se afastar.
A abracei forte e senti que estava protegida.
E eu precisava protege-la.
(Era o meu dever enquanto a amasse.)
Eu a abracei com mais força, e disse bem baixinho, para que só nós duas pudéssemos ouvir:
-Só existo enquanto houver você no mundo.

domingo, 15 de julho de 2012

Adeus

Tanta gente dizendo adeus... Adeus a coisas que não tentou. A coisas que não buscou. Tanta gente partindo da minha vida, em novas buscas e vivências. Tanta gente que me diz que não vai me abandonar. E que ainda poderemos ser amigos e nos ver sempre pra rir e chorar. Nunca os reencontro, porém ocasionalmente em uma mesa de bar. Continuamos com as mesmas angústias que nos fazem calar. E isso me remete a um pensamento inquietante. Não adianta mudar o cenário, se a história prossegue...  E ela prossegue... Prossegue tão visceral, que atuamos no piloto automático. A dor está intrínseca. Faz parte da nossa carne. Não somos capazes de seguir a diante. E por isso, continuamos vivendo, tão reféns do passado, que temos medo de pronuncia-lo. Não ousamos esquece-lo nem um segundo. Vivemos aquém das experiências, deixamos de viver... Pois todas as coisas que fazemos nos remetem a alguma tentativa mal sucedida. Então, todos juntos, vivemos ofuscados, a sombra dos outros, a sombra daqueles poucos que são capazes de seguir em frente. Quero força pra esquecer as angústias, e viver. Eu quero viver, sem medo de me machucar. Quero ser capaz de tomar minhas decisões com base na vontade de ser feliz, e não no medo de mais uma vez, ver-me magoado. Eu quero, e não vou dizer adeus pra mudar de vida... Vou muda-la dizendo um caloroso "Olá", seguido de um grande sorriso. Porque é assim que o mundo começa a ser mais feliz. Sorria. Porque tudo o que quero pro meu futuro há de vir relacionado com coisas felizes que me farão sorrir ainda mais.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Poesia

E no meio da noite sem luar puxou a minha mão, segurou-a com força, convidou minha boca para dançar.
Você bagunçou o meu cabelo, e me deu um abraço de fazer o tempo parar.
E com um tanto de confiança, encaixou seu rosto perfeitamente ao meu ombro, fazendo meu coração disparar.
E se eu pudesse, descreveria em tantas palavras, o seu olhar, quanto as pudesse usar.
Mas o seu olhar não me permite, com pífias palavras tentar espelhar.
E de tanto esperar por esse encontro, com os dias sorrateiros e melancólicos a passar, se fez muito rápida a sua estadia, e anseio já o seu retornar.
Mas com um tanto de angústia me faço calar, dessa esperança no meu peito a gritar.
Pois me parece estranha, a sua relutância, e o meu pesar...
E parece que foges.
E se foges, por que finges?
Por que faz me crer que sentes o recíproco do meu ser?
E se foges, por que finges?
Se tantas vezes pedi verdades ao invés de mentiras?
E o meu coração mais uma vez padece...
Padece em dor e angústia.
E quanta lamúria, faz este coração insensato, que é um tolo de fato, permitindo-se novamente apaixonar...
É que eu escrevo poesia.
Quem quer ler tantas rimas?
Eu.
Só eu quero continuar a ler as minhas próprias ladainhas.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Enfim

Acho que desaprendi a usar as palavras.
Ou simplesmente perdi algo que valesse a pena ser descrito.
Acho que desaprendi a usar meus olhos.
Ou simplesmente perdi algo que valesse a pena ser visto.
Acho que desaprendi a usar as mãos.
Ou simplesmente perdi algo que valesse a pena ser tocado.
Acho que desaprendi a usar meu ímpeto.
Ou simplesmente perdi algo que valesse a pena ser vivido.
Acho que desaprendi a usar a minha boca.
Ou simplesmente perdi alguém que valesse a pena ser beijado.
Acho que desaprendi.
Acho que desaprendi a ser sozinho.
Acho que desaprendi a ser sozinho nesse mundo nocivo.
Acho que perdi.
Acho que perdi muito mais.
Acho que pedi muito mais do que algum dia possui.
Estou aguardando o dia em que desaprenderei a perder.

domingo, 13 de maio de 2012

Distância

De mim à quilômetros tantos
uma pequena estrela a brilhar
Sem saber dos meus intermináveis prantos
anseando o seu retornar

E nas estrelacadencias que praticas
pernoitando em terra escondida do luar
Em minha morada de portas abertas
faz tão pouca questão de ancorar

Ó minha estrelinha!
Não vê a angústia de minha lamúria?
Não pode um dia vir me encontrar?

Ó minha estrelinha!
Não sabe que possui o meu viver?
Por que não posso te em meus braços ter?

sábado, 28 de abril de 2012

Mágoa

Tantas mazelas mundiais...
e todas elas nem me despertam.
Minha angústia é fútil.
Minha dor é promíscua.

Tanto que deixei passar...
e nada disso me faz falta.
Minha falta é terrena.
Minha falta é vaidade.

Tantas pessoas a magoar...
e nada disso me importa.
Minha magoa é intrínseca.
Minha magoa ressoa.

E esse ressonar no meu peito...
essa ladainha que meu coração desperta...
essa lamúria de quem se quebrou...
nada disso parece passar.

Mas a verdade é que é efêmero.
E o que hoje me corroi,
amanhã será riso.
E se pra isso,
hoje preciso chorar...
então, cumprirei o fardo

sábado, 17 de março de 2012

Distante

Que o brilho dos olhos teus
já não ofusquem os meus, entendo...
Não entendo o não olhar dos meus
fixos nos teus, ao relento...

Que a carne da boca tua
já não habite infinda a minha, entendo...
Não entendo o não procurar da minha
loucamente pela tua, ao relento...

Que a doçura das mãos tuas
já não tateiem loucas as minhas, entendo...
Não entendo o não tatear das minhas
frenéticas pelas tuas, ao relento...

Que a poesia dos lápis teus
já não se direcionem ao coração meu, entendo...
Não entendo o não encaminhar das minhas
ao teu coração, ao relento...

Falta rima para falar do teu sorriso,
que já não paira no meu olhar, e entendo...
Não entendo o meu sonhar todas as noites
com este semblante, ao relento...

quinta-feira, 1 de março de 2012

Desabafo

Sou só um pobre sonhador, percorrendo sozinho os caminhos nocivos desde mundo de grande terror.
Eu sou só mais um entre os tantos outros a pisotearem a grama apesar das tantas placas de "não pise". Sou um dos pobres mendigos a implorar por esmola, para a compra de meu alimento. Alimento tão contestado que não se encontra nas prateleiras. Alimento feito de dor, uma banalidade como a necessidade carnal do sexo. São tantas as voracidades que me açoitam na noite estúpida, que martelam persistentes as minhas têmporas, que mastigam e fatigam o meu pensar...
Eu não posso dormir à noite, nem pensar meus pensamentos nulos, ou alimentar-me de sonhos turvos. Sou apenas um morador, com a mente vazia de idéias, a barriga vazia de esperanças, os pés vazios de sonhos e a voz vazia de objeções.
Eu só estou cumprindo o meu papel nesta novela, pelos miseráveis reais que ela me proporciona. Eu, figurante desta vida eterna, caibo à mim e respondo à mim, como um ser adimensional, atemporal e marginalizado. Eu sou um ser sem espaço no mundo. Um ser que não cabe à nada, nem à ninguém.
Acho que na verdade eu sou ninguém: impetuoso na majestade de ser errado... Apenas um calafrio na noite apavorante.
E sabe qual a pior parte?
Eu sou Você.
Somos todos um uivado em uma noite fria. Despertados em uníssono, somos os verdadeiros comensais da vida. Já que tão detalhadamente compreendemos a morte. Só temos um profundo pavor de encara-la, claro! Pois sabemos que dessa disputa não sairemos vivos.
Mas pode afinal, morrer uma criatura tão desnutrida de vitalidade?
Pode desfalecer, se não possui um resquício de identidade?
Volto a dizer: eu não caibo no mundo! Nem eu, nem você, nem ninguém!
Mas agora o importante: será que este mundo cabe em mim?
Essa verdade é a pergunta que vigora em mim a todo instante.
Que eu não pertenço ao mundo eu já sei! Creio que já nasci sabendo...
Mas será que esse mundo pertence à mim? Ou é só uma questão de comodidade?
Eu li uma vez que a grande resposta era 47.
Mas alguém faz real idéia de qual a pergunta?
Enquanto isso, caminho com este penar. Uma resposta sem pergunta. Tal como um remo sem barco: um olho que é incapaz de enchergar...
Ponto... final (?)

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Soneto do silêncio

São sons suspirados, em sussurro
assibalados e assobiados
por aqueles que sabem soprar

E quando soprados, para os sobrados
ensurdecendo os sozinhos
nas frestas das janelas à sibilar

E de tão desonestos, são capazes
de até em pensamento ecoar
E esses sussurros tão inconstantes
são as vozes que à noite não se fazem calar

E por fazerem sofrer, os seus escravos
o seu sussurro constante os faz pensar
E nesse pensamento descobrem que palavras não podem o silêncio calar
E portanto sofrem calados, pois sabem que o segredo do silêncio é a solidão