segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Adeus

Minhas mãos já não comportam o teu cabelo eriçado.. Não por tamanha juba despossuir doutrina. Faz que teu coração cresceu, assim como teus pés, e o meu carinho não é nada mais, nem uma de tuas vaidades. E que me magoa esse teu eterno fugir. Que minhas palavras já não possuem significado para ti. Então me calo.. Porque nem que eu possuísse em voz a força de minha lamúria, eu te faria ouvir.. Então me escondo.. Porque tuas palavras me soam tão falsas e cheias de segundos e terceiros intentos, que prefiro não ouvi-las.. E por isso, nos tornamos cada vez mais estranhos.. Dois que não se conhecem, e ainda-sim dividem uma casa, uma vida.. Mas eu já não quero fazer parte deste teu fingir, e por isso, por meio deste, venho lhe dizer Adeus.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Indagações

-Preciso de um segundo.
Fecho os olhos, vejo o silêncio e ouço escuridão. Não.. Não sei por onde dar os passos agora.
Não sei nem por onde começar..
Parece estar tão perto, mas ao mesmo tempo tão distante..
E as minhas metas nunca são alcançadas..
Eu só vejo frustração ao meu redor.
Mas é culpa minha, eu sei. Que não dedico tempo, não dedico afeto, nem vontade.
Vou levando nas coxas ou empurrando com a barriga até onde der.
E então?
Pra onde vou?
Eu que não faço escolhas, e as que faço não cumpro...
Onde esse comportamento vai me levar?
E então?
Pra que eu vou?
Se não sei como, nem por onde ou porquê?
Pra que insistir num caminhar inseguro?
Se não sei onde vai dar?
Não sei..
Tenho medo..
Tenho que ir.. faz parte da vida ir àlgum lugar. Só está isento de vagar quem não está...
Acho que vou só por não ter coragem de parar..

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Vulgo-amar

Busco nas palavras a definição de um sentimento.
Não se faz propício buscar noutras, algo que explique a vastidão do amor.
Mas se faz necessário, entretanto, que este sentimento transborda as tênues linhas da paixão.
Sim, meu coração palpita, borboletas fazem festa em meu estômago, meus pelos eriçam na presença da criatura alvo de tamanho ardor.
Mas antes se resumisse à esses sintomas bobos de quaisquer paixonites.
Este sentimento, me toma como um todo, e faz o meu querer, essencial, assim como água.
E quando sua ausência se faz necessária, é como se me tomassem o ar, como se me faltasse o chão...
E em sua estada, me falta o fôlego e eu sinto poder voar...E embora se pareçam as ocasiões, faz-se completamente adversa a sensação.
Nos seus lábios, minha boca encontra refúgio.. todo beijo parece o primeiro, com todo o mistério e ansiedade característicos.
Seus olhos me inundam num mar de sentimentos: breves, prolongados, longiquos, eternos.
Suas mãos me percorrem feito um cego a buscar amparo.
Nas suas palavras, perco a quantidade do tempo, os dias passam em questão de segundos, sempre mais rápidos que o intento.
Que se eu soubesse fazer somas e multiplicações infinitas, eu quantificaria este-estar.
Mas que sem domínio dos números ou das palavras, sempre busco infinitas maneiras de explicar...
E a explicação sempre se torna incompleta, falha, quase vulgar.
Me sinto um quanto bobo, um quanto vago e infantil.
Tentando ampara-la na mesma intensidade que me sinto amparado.
Tentando deslumbra-la da mesma forma que me sinto deslumbrado.
Tentando ama-la da mesma maneira que me sinto amado.
E por não saber construir frases que descrevam esse sentimento, vou abraça-la e ficar em silêncio.
Só para que o meu corpo afague o seu, e o seu afague o meu, como sempre tem sido, e como sempre há de ser.


quinta-feira, 11 de julho de 2013

O Tempo

Grita o motorista de dentro do ônibus, umas palavras chulas com intenso rubor facial, enquanto outro motorista as ouve e dispões tantas palavras chulas quanto o primeiro, com mesmo rubor.Uma preta agarrada ao rebento, o arranca do chão pelos braços, sacudindo-o e reclamando da pirraça que o moleque faz.
Um rapaz passa voando montado numa bicicleta, e quase que sem ninguém notar, arranca um colar do pescoço de uma mulher no ponto de ônibus.
Balbucia com o telefone um engravatado, algo sobre reuniões, conferências ou licitações.
Uma menina fantasiada de mulher, corre na frente dos carros que avançam o sinal, tentando mais rapidamente chegar ao outro lado.
Os motoristas que discutiam, estavam tão entretidos na tarefa, que nem viram a garota derrubar vários papéis e se abaixar para pega-los.
De repente uma sinfonia, com cume em buzinas, pneus freando e um grito agudo (de criança), fazem com que o silêncio e a calma reinem na floresta de calçadas.
Em uníssono respiram as pessoas que prontamente circundam o acidente, sem, entretanto, nada fazer.
A menina fantasiada de mulher, recém-aprovada no vestibular, que ia para sua primeira aula na faculdade, permanece estirada no chão... com persistência enche todo o pulmão de ar, num último suspiro... com seu sangue ainda quente banhando a rua, manchando suas roupas (que não precisará mais vestir)... com os olhos vidrados mirando o sol.. com a vida (morte) que podia ter sido, mas não foi...
Passa uma moça correndo, aleatória e isolada de todo ato... afoita encarando o relógio repetidas vezes, como esperando os ponteiros rodarem ao contrário, lembrando aos que se distraíram com o show, que corriam porque tinham um lugar pra ir e uma hora pra chegar...
A camada grossa da platéia se desfez, uma vez que não podiam perder a hora.
Para a limpeza do salão, a retirada das toalhas das mesas, o varrimento do chão, o polimento dos talheres, ficaram somente os desocupados, os destratados, e os que por alguma razão se puseram a pensar com todo o espetáculo, um grupo de quatro ou cinco pessoas..
Intimidado com o acidente, eu fiquei quieto, sentado num banco, destacável de toda a cena... sentindo tomar conta de mim o torpor, o medo e a agonia...
comecei a pensar na pressa que temos de fazer o que não gostamos pra ganharmos dinheiro e comprarmos coisas que não precisamos pra mostrarmos pras pessoas que não conhecemos o quão bem sucedidos somos Fragmentamos o tempo, decidimos mensura-lo e nomea-lo com horas, minutos e segundos. Fizemos isso para que nos guiasse, para que controlássemos-o.
Mas na verdade, burros que somos, ainda não percebemos que é ele, O Tempo, que nos controla.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Clomipramina

E no momento que mais anseio teu abraço, me falta o fomento do teu amar.
Reclusa de tua voz, todo som me faz angustiar.
E as noites se passam claras, os dias parecem pausar.
Vivo em anedonia, em profundo e imenso desprazer.
Não quero ver as outras faces, nem os outros sorrisos...
Não desejo nada fazer... a não ser em ti mergulhar.
Ainda não desenvolveram tratamento capaz de saudade curar..

quarta-feira, 1 de maio de 2013

O nome da outra

Busco no fundo do teu olhar
a verdade que me padece
Que mesmo precedendo ao teu pronunciar
repito a mim em prece

Teu pudor é tão vasto
assim como os teus medos tantos, que sorrateiros
Te atiram, te perdem no tempo,
te deixam à mercê dos inoportunos devaneios

Me diz o que em ti se faz fardo
O que perpetua no teu penar?
Permite-me rasgar esse luto
e te mostrar novamente o sonhar...

Poderia eu fazer tua cura,
trazer para o teu viver um novo amar?
Que dessa dor que tanto perdura
já se pode a última lágrima secar?

Venho à procura do teu amar
que à crime nenhum sentencia-se solidão
Que se desta prisão não puder te libertar
acorrento-lhe contigo, o meu coração

quarta-feira, 13 de março de 2013

Sozinho e só

Ele enfurecido...
Andava a passos cegos, tão contestáveis pela calçada da rua que desembocava em sua casa velha.
Casa velha, intrínseca, que era sempre, pelo simples fato de ser.
Casa velha, vida velha...
Ele se afastava cada vez mais, daquele lar antigo, do pensar antigo, do querer antigo...
Ele inebriado...
A raiva lhe tomava e parecia transbordar, querendo fugir por todas as suas extremidades...
Movia os punhos para frente, movia os punhos para trás... quase que parafraseando o debate que acontecia no seu pensar.
Ele se bastava, porque não queria se dividir com ninguém. Ele andava sozinho.
Vivia sozinho, sorria sozinho, amava sozinho, restava... ele e sozinho, sozinho e ele. Sem querer mais, porque gostava de se olhar no espelho...
Ela distraída...
Passeava os dedos tolos, tão ingênuos pelo cigarro manchado do batom vermelho que pintava seus lábios cheios.
Lábios quietos, imóveis, a não ser pelo intenso puxar e soprar de fumaça.
Lábios quietos, mente elétrica...
Tantos pensamentos, tantas angústias, tantos medos passando por sua mente...
Ela sóbria...
Sóbria dos sentimentos torpes e fúteis que inundam o vasto mundo.
Movia os pés pra frente, movia os pés pra trás... quase que parafraseando o debate que acontecia no seu pensar.
Ela se combatia, era ao mesmo tempo sua aliada e sua inimiga. E vivia só.
Vivia só, sorria só, amava só, restava... ela e só, só e ela. Sem re-sentimentos, porque gostava de não ter que ouvir as vozes dos outros, as opiniões carregadas de soberba e prepotência.
O mundo é um lugar prepotente, pensava. Cheio de donos da razão.
E ela achava que ao invés da razão, eles deveriam possuir a si.
Talvez, se cada um fosse seu, o mundo fosse melhor. Talvez... ela o viu.
Ela o viu, e seu pensamento estancou, seus dedos pararam, sua dança frenética cessou.
Ela o viu, e mais que isso o enxergou...
E ele a viu, com a mesma intensidade que ela o via...
E isso bastou, bastou para o mundo fazer sentido...
E eles resolveram viver sãos...
Num mundo que criaram pra si... Sós e sozinhos, só ele e ela, vivendo, sorrindo, amando e restando, ele e ela, ela e ele, só e sozinho, sozinho e só...

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Pensamento 2

E se por um lado entendo, afirmo e intensifico...
Por outro, confundo, nego e desacredito...
E faz tanta dor nesse meu peito que não cala, na lamúria constante de desilusão.
Que eu queria tanto fazer teus dias, felicidade, e calar a angústia que faz ladainha de teu coração.
Faz me teu guardião, teu anjo da guarda...
Permite que eu tome esse espaço no teu viver.
Não pra faze-lo esquecer, mas pra fazer-me lembrar.
Não lhe pediria com palavras, por não possuir o direito de faze-lo...
Mas se lhe peço, por palavras não ditas, um pouco de afinco nesse disputa contra si mesmo...
Dedico tanto do meu em busca de compreender...
E eu compreendo...
Tanto que me culpo por desejar tanto...
Por desejar tanto, o teu corpo ao lado do meu, tua boca colada à minha, tua mão enlaçada na minha, meus dedos brincando nos teus cabelos, teus lábios viajando meu corpo...
E nem que eu discorresse por tantos anos, seria capaz de explicar a doçura desse momento...
Eu poderia parar o tempo, só pra não deixar esse momento passar...

domingo, 27 de janeiro de 2013

Pensamento 1

E tem tanto que eu queria dizer,
mas simplesmente não consigo organizar as palavras, de modo faze-las ter sentido...
Eu só poderia congelar a minha vida nesse momento,
um momento sem problemas, sem pecados, carregado de carinho e confidência.
Carregado de você, de frases feitas, de brincadeiras bobas...
Algo tão especial, tão único, algo por que tanto zelo, tanto cativo.
Serei eternamente responsável pelo que cativo?
Até torço por isso.
Torço para que um pouco da sua felicidade, seja também minha causa.
Que grande parte da minha se deve à você.
E então, pra que pedir por mais?
Pra que mudar as regras do jogo?
Jamais os faria, desde que pudesse permanecer eternamente a observar o teu riso, tão inocente e sincero, iluminando todo o meu dia, e me trazendo de imediato o impulso de também sorrir.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Anjo

Me conserve sob as suas asas,
aurora dos olhos negros,
leve contigo meus sentimentos...
Me atravessa por este parque, 
de sorrisos e lágrimas
e olhos que não te veem.
Me permite senti-lo,
sentir teu toque,
na minha pele nua...
Sentir teus pelos a eriçar
pela pele que te arranho,
que te mordo...
Faz me aguar por teu ventre despido,
tão junto ao meu quanto puder,
dançando...
Num quarto escuro e sem música.
E que a música se faça do nosso respirar,
cada vez mais corrido, mais ofegante...
Interrompido por gritos abafados,
externando o êxtase e torpor da minha alma.
De maneira que não tenha resto...
E que sobrem o mundo e seus problemas.
Enquanto dançamos nus.
Num quarto escuro e sem música...