domingo, 13 de setembro de 2009

Ode ao Coelho

O que somos nós, além dessa vã matéria? O que somos? Não somos nada que a medicina ou a biologia explique. Não somos nada que possamos evitar. Não somos, pelo prazer de não ser. E os dias passam, e nós vagamente notamos. E no piscar dos olhos, descobrimos que somos terminais, que o fim é iminente, e que não podemos evita-lo. Evita-lo pra que afinal? O final é uma contante para todos na terra. E ter medo dele não é covardia. Ter medo é normal, todos temos. Não estar acostumado é normal, a gente aprende com os anos. É bem verdade que o desanimo me encontrou. Não há o que me faça sorrir. Mas a vida continua, não é? Nossos amigos nos deixam, nossos parentes nos deixam, é o curso natural da vida, infelizmente. Nossas lágrimas caem, tão desesperadamente que as engolimos entre os soluços, é um círculo vicioso. Eu não estava preparada. Não imaginei ter que ver nada do tipo, em milhões de anos. Não imaginei sentir nada do tipo, a minha vida inteira. Não imaginei ficar sem palavras. Completamente sem palavras. Encara-lo, no silêncio barulhento do quarto entulhado de equipamentos de um hospital velho. E querer dizer, todas as coisas que ensaiei. Todas as coisas que automaticamente eu sei que devo dizer. E saber que você não me ouve. Desfigurado. Eu não o reconheço. Mas isso já vem de tempos. O corpo não transcede a alma. A alma morre antes, ou não? Eu tenho saudades. De um tempo simples. De brincar com você, como se fossemos dois bebes. De ter você em meus braços, sem um horário estipulando que eu fizesse isso. E de falar com você, e você ouvir, e responder. Ouvir o tic tac que só o seu coração faz. Admirar astrologicamente a lua, a sua cabeça, a sua face. Ninguém substituiria, o que só você pode me proporcionar. Nesse, ou em qualquer mundo. O amor é incondicional. E por mais que eu não tenha dito isso, eu sei que você sabe, e eu sei que terei outras oportunidades de dize-lo, não é?
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A homenagem:
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Estrela do Mar
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Um pequenino grão de areia que era um pobre sonhador,
olhou o céu e viu uma estrela e imaginou coisas de amor...
Passaram anos, muitos anos
Ela no céu, ele no mar, dizem
que nunca o pobrezinho pôde com ela se encontrar.
Se houve ou não houve alguma coisa entre eles dois,
ninguém soube até hoje explicar
O que há de verdade é que depois, muito depois,apareceu a estrela do mar...

Paulo Soledade e Marino Pinto
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O sorriso há de voltar, a felicidade também.
As memórias ficarão pra sempre, independente do decorrer dos fatos.
É tudo relativo.
Menos o amor, o amor é nítido, é denso, é palpável.
O amor.
Bianca Saguie
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A história é triste e fria. Faltam ainda rima e musicalidade. Mas quem disse que a verdade é poética?
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Flávio Coelho de Oliveira
Eu espero por desfechos felizes, nessa história que eu não fui no cinema assistir.
Eu peço finais alegres, daqueles bem hollywoodianos.
Eu rezo, esperando que meus pecados sejam irrelevantes.
E eu semeio, mundos com as minhas lágrimas.
Os vendaváis e furacões atordoaram a costa leste do brasil.
Os sobreviventes ainda são desconhecidos.
A saudade permanece em nossos corações;
saudades que esperamos em breve matar.
Tão breve quanto o piscar dos olhos.
Tão breve quanto as notícias que esperamos.
O amor, de novo, é o que nos sustenta.
O amor.

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