domingo, 21 de dezembro de 2008

"Prazer" de ser esquecida

A facilidade de um sorriso virar lágrima me assusta. A facilidade com que a felicidade se evapora me incomoda. Vai ser sempre assim? Estou sentindo o que a tanto tempo pedi pra sentir. Acho que é assim, quando se deseja MUITO uma coisa e realizamo-as, percebemos que nós não a queriamos de fato. É, eu to sentindo aquele bendito "prazer" de ser esquecida, pelo qual tanto rezei. Mas, ele não é nda do que eu pensei, é só mais um sentimento vazio que nos entristesse. E tudo que eu olho, e tudo em que eu penso, me parece tão vazio, tão fútil, tão vulgar. Eu não queria ter sentimentos. Não queria ter de pondera-los. Na verdade, não queria. Não queria nada, ou tudo. Queria sumir um pouco, esquecer os problemas, as amizades, os rolos, esquecer quem eu sou, qual meu nome, raizes e gostos. Passar um dia no vácuo. Porque o vácuo me parece tão reconfortante agora. O vácuo me parece o melhor lar que eu poderia ter. O vácuo. Porque eu sei que litros de refrigerante, quilos de sorvete, pipoca e chocolate, não levarão meus problemas embora. O negócio é desenterrar o Urso Teddy do meu armário e passar a noite fazendo confições à ele. Ah, como atestado de maluca, eu conversei com um sapo ontem. Pena que o sapo só me olhou e pulou no meu colo. Foi até uma sensação agradavel, o sapo me queria. Gostei, passei a noite falando com ele, quando derrepente ele pulou e foi embora. Acho que ele sentiu que tinha cumprido seu papel. E eu acho que de fato ele o fez. A noite foi mais fácil de levar, acho que nem pesadelos tive, apesar de acordar toda hora. Me peguei numa filosofia. Por que é tão difícil dizer adeus para algo/alguém que nunca te pertenceu? No início eu pensei no sapo, mas acho que o sapo era só uma metáfora. Ou uma metamorfose? Um sapo que não vira principe. Um sapo que sai sem se despedir. Um sapo que não volta, que não me dá nome nem telefone. Chamei o sapo de Seu Souza. Acho que era melhor falar que conversei com o Seu Souza do que dizer que conversei com o sapo. Eu sei que minha mãe surtaria, do mesmo jeito que surtaria se soubesse que ele pulou no meu colo. Do mesmo jeito que eu sei que surtaria se eu falasse que me arrependo de não ter beijado o sapo pra ver se virava príncipe. Ah, a história modesta? É que eu sou a meia-irmã da Cinderela. O futuro da história? Eu vou limpar estábulos e ficar pra titia. Talvez eu seja a mulher do apartamento do quinto andar, que ninguém nunca viu, mas que sabe que está lá, acompanhada de 27 gatos, que morrem junto com ela sufocados no gás que escapa do fogão. Estória triste? Não, na verdade acho até um final grandioso. Melhor do que morrer de velhice, com uma família inteira vendo você se degradar cada vez mais. É, acho que é assim que escolhi morrer, com os gatos. Os gatos são companheiros, eles vão, mas se você continuar pondo comida para eles, eles voltam. Posso casar com um gato?

Inspiro-me em lembranças nunca ocorridas.
Momentos que só foram vivenciados em meus sonhos.
A complexibilidade dos meus atos sempre tão falhos é ao mesmo tempo coerente e inexplicavel. Não sei transcrever os pensamentos que processo.
É uma doença irremediávela inspiração que me atormenta com textos incompreensíveis.
Começamos a fraquejar desde que nascemos, ao dar o primeiro suspiro.
Respiramos porque somos fracos, não somos fortes o suficiente pra batalhar inconcientemente contra a vida que não escolhemos receber.
E ainda assim, cada vez que enchemos e esvaziamos os pulmões de ar, caminhamos em direção a morte.
Em direção a morte que em geral não é desejada ou programada.
Morre-se com a mesma rapidez que vive-se.
E eu vivo desde antes da biologia determinara fusão dos gametas.
Vivo desde antes de ocupar algum lugar no espaço.
Vivo porque penso, questiono, suplico pela alegria em viver.
Busco além de tudo um cantinho embaixo da árvore, com o sol emaranhado em nuvens, um poço raso de inspiração dando acesso àum lençois subterraneo de imagens e palavras que sensibilisam as pessoas, inclusive eu.
...
Cansei de ouvir as mesmas músicas de sempre, cansei de ver os mesmos filmes. Tudo sempre acaba bem, ele ama ela, ela ama ele, o vilão é preso, eles casam e tudo acaba em festa. Não é assim. Por que? Por que eu não posso viver um conto de fadas? Ah, eu queria ser um filme. Um daqueles em que a Ginger Rogers sapateia ao lado do Fred Astaire. Ela parece sempre tão feliz. Ele parece sempre ter a arma para dissolver os problemas dela. Eu preciso da minha arma para dissolver meus problemas.

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