quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Come-la.

Um novo dia. Novas histórias. Novas lembranças. Novas memórias esquecidas na água do mar que lambe a areia. Em algum lugar eu durmo. Em algum lugar eu esqueço. Eu morro. E por morrer eu finalmente comprovo que vivo. Sou mortal. Sou mortal. Repita para que não se esqueça. Abra os olhos, veja tudo. Sou mortal. Sou mortal. Viva intensamente, com o perigo de morrer. Sou mortal. Repita para não esquecer. Sou mortal. Somos todos mortais. E por que lutamos desesperados pela vida eterna? Por que esperamos que a morte não nos visite? Sou mortal. Não esqueço. Não perdoo. Sou mais que mortal. E eu sei. O importante é saber. Não esquecer. Sou mortal. E não nego, temo. Temo mais que tudo. Mas vivo intensamente, sabendo que um dia morrerei. É inevitável. E por isso eu amo, por isso eu odeio, eu vivo. Eu vivo. Eu vivo. Só não diga que não viveu. Viva para não se arrepender. O arrependimento pune. O arrependimento é o pior sentimento que se pode ter. Erramos, isso é fato. Mas o arrependimento é um sentimento destrutivo. Destrói corações, destrói almas, destrói homens, destrói soldados bravos que sobreviveram a guerras. Destrói. E por destruir, trucidar, alucinar os mais simples e os mis complexos, é o pior sentimento que se pode sentir. Senti-lo é amargamente trucidante. Sonhe, sonhe, sonhe. Ter sentido é um sonho. Nos sonhos e me entendo. Feche os olhos querido, durma, sonhe. Sonhe e seja simples. Simples e sonhe. Sonhos.

O que não me dizem os livros empoeirados da prateleira?
O que eles querem dizer?
Eu não so capaz de entender, de compreender o que eles dizem.
E ninguém quer me explicar.
Ninguém me diz o que as palavras querem dizer.
Ninguém me diz o que elas não querem.
Eu quero entender as palavras que saem da sua boca.
Eu quero deleita-las e sentir o sopro que elas fazem.
Eu quero entender.
Para que eu possa beija-lo, para que eu possa beijar a sua alma.
Porque eu cansei de superficialidades.
Eu cansei de ver meu reflexo no espelho.
Cansei de olhar para o fundo das águas limpidas e não ver nada.
Não vernada além de uma moça que não conheço.
Nunca a vi.
Quero conhecer esa moça.
Quero entender essa moça.
Quero devorar essa moça.
Devorando-a, talvez eu a tome para mim.
Talvez assuma a sua vida.
Os Incas pensavam assim.
Ou será que eram os Maias?
Quero devora-la,
estilhaçar sua carne nos meus dentes.
Quero devora-la,
de todas as maneiras possíveis.
Embebedar-me de sua exência.
Quero devora-la.
Quero come-la, trucida-la.
A moça, coitada.
Quero-a para mim.
E só para mim.
Quero devora-la.
Devora-la.
Come-la.
Bebe-la.
Mata-la.
...
Menos, cada vez menos. Menos. O menos me assusta. Quem tem tudo a perder. Tudo. Tudo ou nada? Quero o nada. Se eu tive-lo só terei a ganhar. A idéia do prêmio me fascina. Nada.

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