sexta-feira, 28 de maio de 2010

Domingo

Braços que amam, cercando, marcando. Determinando onde começa e onde acaba seu território. Mãos brincando, acariciando ilicitamente um corpo maculado de angústia e dor. Lábios que dizem, beijam e dançam, num ventre, num seio, num sorriso. O fato é cíclico, como as manhãs e as noites. Os dias transformam-se em escuridão, a luz que apaga, e deixa resquícios de dia. Dois amantes, engalfinhados até as raizes dos cabelos, fazendo juras e cumprindo, metas, sonhos, dádivas. Ainda valessem as horas, as semanas correriam naquele festival de carinho. Ainda que o sono os abatesse, vida bandida, arrastava para longe seus objetivos tolos, típicos dos apaixonados. Como as crianças crescem, e os adolescentes se tornam adultos, aqueles amantes tinham de respirar o dia de amanhã. Um novo dia começa, e cada um com seus deveres deve abandonar seu parceiro amado. Um beijo tocado no topo do lábio, pela noite que os reserva malícias, é um até breve. Ainda como que prevendo algo ruim, a moça declama sua paixão, e promete futuro, casamento, crianças. O moço satisfeito, a beija delicado, e repete então seus votos de compromisso. Amor, um adeus que não separa os praticantes.

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