Quem sou eu
quinta-feira, 20 de maio de 2010
As toalhas assassinas
Já vinha cansada havia tanto, de correr do maníaco com o martelo. Seguiram-se bem uma meia hora de pura corrida até que eu o pudesse despistar nas ruas dos vilarejos do reino. Passaram mais ainda uns vinte minutos até que eu me convencesse de que nao mais era perseguida. Segui em paz armada e alerta para a minha casa. Cheguei, com o suor secando nas minhas costas e tornando a minha pele uma espécie de papel colante. Entrei, implorando por um banho quente. Quase ciente de que na época que eu vivia, séculos antes mesmo do nascimento dos meus pais, não houvesse água encanada ou energia elétrica que a esquentasse; flui, desanimada, em direção à casinha. Esperei abrir a porta e ver as tábuas sujas, um balde representando a pia e um caixote de madeira simbolizando o famoso e querido troninho. Ainda nessas condições, abri a porta, e que surpresa me aguardava. Parecia que eu me transportara para um futuro longo e distante. O banheiro era do tamanho de toda uma casa, e comportava todos os luxos que um lavabo poderia comportar. As paredes eram revestidas de pedrinhas verdes e redondas, que faziam parecer uma gruta. Do topo desta parede de bolinhas, uma água fina escorria, asemelhando-se a uma cachoeira. No fim desta parede, uma banheira represava a água que brotava do teto exalava o odor de deliciosos sais de banho e borbulhava espuma e espelia vapor, sinalizando água quente. Na parede uns estribos expunham lindas toalhas de linho, aprumadas e fofas, uma duzia delas esperando revolver os corpos nus dos que se banhassem na cachoeria. Tirei os tenis encardidos e larguei-os ao lado da pia em forma de concha, junto com a minha bolta, chave e celular. Andei em direção à banheira, mais para ver que para mergulhar. a banheira era enorme, compara-la a uma pequena piscina nao era em nada exagero. O fundo da banheira era de vidro, e dava para um tanque de várias espécies de peixes. Era tomar banho no fundo do mar. Estava eu ali, de pé, observando o fundo da banheira, quando as lindas toalhas, que me cobririam depois daquele banho relaxante, começaram a se debater, como se o vento as sacudisse num varal; só que não havia vento, ou varal. As toalhas estavam possuidas por alguma força que as dominava e controlava. Elas voaram medonhas e me envolveram, e envolvida doentiamente, fui atirada dentro da banheira. E eu me debatia como um peixe capturado, tentando fugir das toalhas que desejavam afogar-me. Eu subia, buscava ar, mas no fim, só respirava água. Quando as toalhas começaram a enxarcar, todo aquele sistema, que me incluia, passou a afundar. Primeiro lentamente, afundando, eu, tentando me livrar das terriveis garras das toalhas. Senti meu corpo bater no fundo da banheira, e vi, todo o movimento oceanico embaixo de mim. Queria subir, pois já não enchia os pulmoes de ar haviam uns dois minutos. Desisti e decidi me afogar voluntariamente e terminar com o desejo obscuro daquelas terriveis toalhas de tirarem a minha vida. Deixei a água entrar, mas então, o resultado contradisse as minhas espectativas. Senti alívio, e os pulmões também agradesciam o ritual da respiração. Surpresa, abri os olhos, e perplexa, me vi, na minha cama, embolada em cobertor, lençol e travesseiro, molhada de água e suor. O despertador berrava e minha irmã apontava um copo vazio, que estivera cheio antes de ela derrama-lo em mim, vacilante e tropega, levantei e rumei aos acontecimentos normais do dia. Mas tenho certeza de que a toalha me olhou um tanto diabolicamente aquela manhã...
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