Quem sou eu
sexta-feira, 28 de maio de 2010
Domingo
Braços que amam, cercando, marcando. Determinando onde começa e onde acaba seu território. Mãos brincando, acariciando ilicitamente um corpo maculado de angústia e dor. Lábios que dizem, beijam e dançam, num ventre, num seio, num sorriso. O fato é cíclico, como as manhãs e as noites. Os dias transformam-se em escuridão, a luz que apaga, e deixa resquícios de dia. Dois amantes, engalfinhados até as raizes dos cabelos, fazendo juras e cumprindo, metas, sonhos, dádivas. Ainda valessem as horas, as semanas correriam naquele festival de carinho. Ainda que o sono os abatesse, vida bandida, arrastava para longe seus objetivos tolos, típicos dos apaixonados. Como as crianças crescem, e os adolescentes se tornam adultos, aqueles amantes tinham de respirar o dia de amanhã. Um novo dia começa, e cada um com seus deveres deve abandonar seu parceiro amado. Um beijo tocado no topo do lábio, pela noite que os reserva malícias, é um até breve. Ainda como que prevendo algo ruim, a moça declama sua paixão, e promete futuro, casamento, crianças. O moço satisfeito, a beija delicado, e repete então seus votos de compromisso. Amor, um adeus que não separa os praticantes.
sábado, 22 de maio de 2010
Sensualidade
Aracnídeo irreparável.
Escalando os arranhacéus com suas oito patas arrojadas.
Aracnídeo irresoluto.
Meus passos tropegos de duas pernas inarticuladas, como paus dançando no fogo que labareda.
Me dilaceram, as chamas dançantes, que por mim são influenciadas.
Eu as elogio, e as incentivo fazer queimar.
Aracnídeo imaculado.
Admirado, seus rituais frívolos de amor e criação.
Para que os laços afetivos?
Desejo carnal deve ser reparado com desejo arnal.
Não importando a arma ou o mercenário.
Aracnídeo importuno.
Seus traços animalescos me exitam, e convidam para um mundo que há tanto evito.
Aracnídeo viciante.
Me muta, me mutila, me ensina a futilidade.
Aracnídeo irreversível.
Me mata, para que o eterno gozo viva em mim.
Escalando os arranhacéus com suas oito patas arrojadas.
Aracnídeo irresoluto.
Meus passos tropegos de duas pernas inarticuladas, como paus dançando no fogo que labareda.
Me dilaceram, as chamas dançantes, que por mim são influenciadas.
Eu as elogio, e as incentivo fazer queimar.
Aracnídeo imaculado.
Admirado, seus rituais frívolos de amor e criação.
Para que os laços afetivos?
Desejo carnal deve ser reparado com desejo arnal.
Não importando a arma ou o mercenário.
Aracnídeo importuno.
Seus traços animalescos me exitam, e convidam para um mundo que há tanto evito.
Aracnídeo viciante.
Me muta, me mutila, me ensina a futilidade.
Aracnídeo irreversível.
Me mata, para que o eterno gozo viva em mim.
Insônia
Solidão imensa, me joga na noite tenebrosa, me unta de mágoa e rancor, me imerge em depressão. Noite escura, opaca, não vejo um palmo à minha frente, o frio, com seus dedos gelados, sobe a minha nuca. Tenta me excitar com o desconhecido, a escuridão. Solidão, estado negro de humor. Tão só e melancólico como um palhaço de cara pintada. A iminência das lágrimas salga na boca. Não se fala de perdão durante o pecado. A noite não vira dia, o sono não chega, sonho de algum mercenário. Mais duas palavras seriam ditas se tivesse a quem falar. O amor é tão dilacerador durante a noite só. Não se fala de amor quando desiludido. Não se fala de sexo, a menos quando se fala de vulgaridade, o tempo todo. Não fala, aquieta. Morre, pássaro alado, meu Al Corão incompleto, minha Bíblia maculada. Buenas Noches. Me basura el futuro e desea me lo desconocido. Desenhe o passado para que seja verdaeiro. I'm here.
quinta-feira, 20 de maio de 2010
As toalhas assassinas
Já vinha cansada havia tanto, de correr do maníaco com o martelo. Seguiram-se bem uma meia hora de pura corrida até que eu o pudesse despistar nas ruas dos vilarejos do reino. Passaram mais ainda uns vinte minutos até que eu me convencesse de que nao mais era perseguida. Segui em paz armada e alerta para a minha casa. Cheguei, com o suor secando nas minhas costas e tornando a minha pele uma espécie de papel colante. Entrei, implorando por um banho quente. Quase ciente de que na época que eu vivia, séculos antes mesmo do nascimento dos meus pais, não houvesse água encanada ou energia elétrica que a esquentasse; flui, desanimada, em direção à casinha. Esperei abrir a porta e ver as tábuas sujas, um balde representando a pia e um caixote de madeira simbolizando o famoso e querido troninho. Ainda nessas condições, abri a porta, e que surpresa me aguardava. Parecia que eu me transportara para um futuro longo e distante. O banheiro era do tamanho de toda uma casa, e comportava todos os luxos que um lavabo poderia comportar. As paredes eram revestidas de pedrinhas verdes e redondas, que faziam parecer uma gruta. Do topo desta parede de bolinhas, uma água fina escorria, asemelhando-se a uma cachoeira. No fim desta parede, uma banheira represava a água que brotava do teto exalava o odor de deliciosos sais de banho e borbulhava espuma e espelia vapor, sinalizando água quente. Na parede uns estribos expunham lindas toalhas de linho, aprumadas e fofas, uma duzia delas esperando revolver os corpos nus dos que se banhassem na cachoeria. Tirei os tenis encardidos e larguei-os ao lado da pia em forma de concha, junto com a minha bolta, chave e celular. Andei em direção à banheira, mais para ver que para mergulhar. a banheira era enorme, compara-la a uma pequena piscina nao era em nada exagero. O fundo da banheira era de vidro, e dava para um tanque de várias espécies de peixes. Era tomar banho no fundo do mar. Estava eu ali, de pé, observando o fundo da banheira, quando as lindas toalhas, que me cobririam depois daquele banho relaxante, começaram a se debater, como se o vento as sacudisse num varal; só que não havia vento, ou varal. As toalhas estavam possuidas por alguma força que as dominava e controlava. Elas voaram medonhas e me envolveram, e envolvida doentiamente, fui atirada dentro da banheira. E eu me debatia como um peixe capturado, tentando fugir das toalhas que desejavam afogar-me. Eu subia, buscava ar, mas no fim, só respirava água. Quando as toalhas começaram a enxarcar, todo aquele sistema, que me incluia, passou a afundar. Primeiro lentamente, afundando, eu, tentando me livrar das terriveis garras das toalhas. Senti meu corpo bater no fundo da banheira, e vi, todo o movimento oceanico embaixo de mim. Queria subir, pois já não enchia os pulmoes de ar haviam uns dois minutos. Desisti e decidi me afogar voluntariamente e terminar com o desejo obscuro daquelas terriveis toalhas de tirarem a minha vida. Deixei a água entrar, mas então, o resultado contradisse as minhas espectativas. Senti alívio, e os pulmões também agradesciam o ritual da respiração. Surpresa, abri os olhos, e perplexa, me vi, na minha cama, embolada em cobertor, lençol e travesseiro, molhada de água e suor. O despertador berrava e minha irmã apontava um copo vazio, que estivera cheio antes de ela derrama-lo em mim, vacilante e tropega, levantei e rumei aos acontecimentos normais do dia. Mas tenho certeza de que a toalha me olhou um tanto diabolicamente aquela manhã...
domingo, 16 de maio de 2010
Balanço
É, em um momento a sua vida oscila.
Entristecido a colher grãos de terra no chão que pisa, a avistar o céu distante e imaculado, a querer toca-lo como se quer tocar uma mulher bonita.
É como brincar quando se era criança, o balanço dançante, tocamos o céu, ou melhor, buscamo-o, içando as mãos e bradando os braços em sinal de desespero e pisamos a terra.
E de reviravolta, o balanço sobe.
E exaltado a bater as asas no céu límpido e azul, não querer as asneiras terrenas...
O balanço que sobe e desce e não cessa, não depende de nós, mas do universo e da gravidade a jogarem a nosso favor.
E o sol brilha, em nossos desejos de Ícaro, bradamos nossas asas e visamos ao sol.
Quão relutante seriam os teimosos à ponto de se queimarem nas chamas ofuscantes do grande satélite?
Um coração outrora vazio e machucado, batuca uma nova canção, cheia de passagens rápidas e lentas. É um festival de músicas, um desfile de escola de samba, passando e se instalando no peito, de um, que mais uma vez experimenta a sensação do ar.
Mas essa deve ser a definição de paixão, ou coisa parecida.
Então, quando o balanço torna a cair?
Melhor pensar nas nuvens brancas, enquanto elas ainda me pertencem.
Entristecido a colher grãos de terra no chão que pisa, a avistar o céu distante e imaculado, a querer toca-lo como se quer tocar uma mulher bonita.
É como brincar quando se era criança, o balanço dançante, tocamos o céu, ou melhor, buscamo-o, içando as mãos e bradando os braços em sinal de desespero e pisamos a terra.
E de reviravolta, o balanço sobe.
E exaltado a bater as asas no céu límpido e azul, não querer as asneiras terrenas...
O balanço que sobe e desce e não cessa, não depende de nós, mas do universo e da gravidade a jogarem a nosso favor.
E o sol brilha, em nossos desejos de Ícaro, bradamos nossas asas e visamos ao sol.
Quão relutante seriam os teimosos à ponto de se queimarem nas chamas ofuscantes do grande satélite?
Um coração outrora vazio e machucado, batuca uma nova canção, cheia de passagens rápidas e lentas. É um festival de músicas, um desfile de escola de samba, passando e se instalando no peito, de um, que mais uma vez experimenta a sensação do ar.
Mas essa deve ser a definição de paixão, ou coisa parecida.
Então, quando o balanço torna a cair?
Melhor pensar nas nuvens brancas, enquanto elas ainda me pertencem.
sexta-feira, 7 de maio de 2010
Asas quebradas
Algo estranho muta o mundo da Babilônia.
Abriram a caixa de Pandora e deixaram seus derivados sair.
E a Grande Muralha continua firme, lá na China.
Aqui as fagulhas chamuscam e despedaçam um coração solitário.
Mais que o ruir sozinho, se chamam tristes os que não vagam a buscar encontros.
E os objetivos se tornam escassos, a vista embaçada.
Talvez a palavra certa seja espaço.
Um espaço de tempo que corre sem ver.
Um espaço gigante que não me deixa enxergar.
Um espaço psicológico que só faz crescer a distancia entre dois amigos.
E se ainda assim, dois sóis nascerem amanhã, é preciso que haja vontade de ver a luz lá fora.
Que ainda existem cortinas eficientes e óculos escuros que tapem a luz que brilha.
Então, é ou não é tudo tão relativo?
Um anjo sem asas e desperançoso chora no meu quintal.
De acordo com ele, as palavras morreram no peito quando viu chorar a lua, e desde então derrama as suas.
Eu digo pra ele das belezas do mundo, ele retruca as tristezas.
Terminamos por fim, eu e ele lado a lado, dois embebedados cutucando nossas feridas expostas.
sábado, 1 de maio de 2010
Texto político
É difícil. Estamos tão acostumados com o cotidiano, que não vive-lo é um estorvo.
E queremos, inutilmente um alguém pra atender nossas vaidades, cumprir nossos mimos.
E queremos uma injeção diária de ego.
Queremos acreditar que escolhemos quem somos.
Mas não. Não escolhemos, somente somos.
E buscamos converte-mo-nos, como à uma religião ou seita.
E nos encobrimos de carapaças falsárias, que intimidam nossos semelhantes.
Então, de que adianta não o sermos, se nossos iguais se distanciam?
Talvez, esse assunto tenha se tornado cliché, acredito que tenha.
Mas por ser cliché não é menos importante ou polémico.
Ainda sonho voar, içar minhas mãos e bradar meus sonhos direção às nuvens.
E qual o problema de querer ser um anjo?
E qual o problema de querer ser alguém?
Meus sonhos são meus. Íntimos e meus, e não dizem respeito a ninguém.
E que são sonhos, além de subterfurgios da nossa própria mente que por vezes nos é usurpada?
Qual a privacidade que você tem, além da que lhe é conferida pelos muros da sua mente?
Então, não era de esconderijos que estávamos falando?
E queremos, inutilmente um alguém pra atender nossas vaidades, cumprir nossos mimos.
E queremos uma injeção diária de ego.
Queremos acreditar que escolhemos quem somos.
Mas não. Não escolhemos, somente somos.
E buscamos converte-mo-nos, como à uma religião ou seita.
E nos encobrimos de carapaças falsárias, que intimidam nossos semelhantes.
Então, de que adianta não o sermos, se nossos iguais se distanciam?
Talvez, esse assunto tenha se tornado cliché, acredito que tenha.
Mas por ser cliché não é menos importante ou polémico.
Ainda sonho voar, içar minhas mãos e bradar meus sonhos direção às nuvens.
E qual o problema de querer ser um anjo?
E qual o problema de querer ser alguém?
Meus sonhos são meus. Íntimos e meus, e não dizem respeito a ninguém.
E que são sonhos, além de subterfurgios da nossa própria mente que por vezes nos é usurpada?
Qual a privacidade que você tem, além da que lhe é conferida pelos muros da sua mente?
Então, não era de esconderijos que estávamos falando?
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