terça-feira, 4 de agosto de 2009

Uma oração




Cresci. Por entre tombos, lágrimas, risos, manhas, cresci. Deformada, não julgo bem. Deprimida, não ligo os fatos. Uma depressão constante, que me persegue. E até os dias de hoje, os surtos são constantes. AS lágrimas chegam, a dor de cabeça. As horas escrevendo textos tão estúpidos quanto este. E o questionamento, que me persegue: qual a razão? Eu poderia enumerar, sequencias de razões fúteis, sequencias de razões injustificáveis. Sequencias de razões que o sistema captalista teima em fundar em mim. Como ser eu mesma fosse errado. Como se viver como eu vivo, fosse pecado. E eu guardo assim, uma vaga no incerto, para mim. Dentro de mim, um vacuo precisa ser preenchido. Um vácuo enorme, um buraco negro, que com o tardar, só tende a aumentar. E de vários modos eu já tentei tapar esse buraco, manobras futeis, que não deram certo. E é por isso, que pela última vez, nesse precipício que me encontro, eu não me atiro e nem recuo. A mais leve brisa será capaz de me mover, e eu não vou tomar partido nessa decisão, ou e caio, numa tempestade, num buraco sem fim, ou finalmente, eu abro os olhos para o lado bom da vida. E eu percebo, que não tem nada certo, eu não posso jurar nada, prometer nada, porque nada é previsível, nada, além de que um dia, infelizmente, ou felizmente, eu deixarei esse mundo, e eu não poss fazer nada, que não tentar ter uma vida feliz.
...
O nascimento da Besta-Fera
...
Às margens do rio frio,
as águas límpidas
lambem o limo,
que se cultiva na terra úmida.
...
Na luz do luar
o frio das águas, se encontra
com o calor dos ventos a sussurrar,
a noite está linda.
...
De repente, sem avisos
as nuvens cobrem a lua,
a água se torna turva,
com um único foco prateado.
...
E como num espetáculo,
nasceu das águas,
a mais linda criatura já vista.
...
A pele branca como um papel,
os olhos cinza e cintilantes,
os cabelos prata, como quem havia envelhecido,
mas de velha, ela não tinha nada.
...
O encanto daquela criatura,
que até hoje não se sabe,
era sereia, era fada,
nunca mais foi quebrado.
...
Nas nascentes se ouve sua doce voz,
nos riachos, prova-se sua doçura,
e em sua foz, espalha-se.
...
E por não compreenderem sua doçura,
e não desfrutarem de suas pérolas,
Deram de lhe chamar de Besta-Fera
...
Nas minhas lágrimas ela brota,
e nas minhas demências ela se desfaz.
Salve, salve, rainha dos meus dias,
salve, salve, porto do meu cais.
...
Sem mais rezas, me despeço.

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