A Bruxa se rendeu aos seus próprios encantos. A Bruxa sucumbiu aos seus próprios feitiços. Ou parece que desta vez, simplesmente resolveu não intrometer-se. Talvez, não difamar a informação, tenha sido o segredo para o encontro não cair nos ouvidos perversos da Bruxa. As maldições foram esquecidas, ou por um ato piedoso, ou pela negligência. Quaisquer das alternativas, tornaram possível o encontro entre Allat e Ta'Lab, quando puderam escapar das vigias constantes à Lua. Allat e Ta'Lab juntos então. Juntos com um Ciclope e sua Afrodite e ainda Reia, mãe que era, supervisionando os Deuses brincando de mortais. Não há erro enquanto tudo corre bem. Todos rindo, brincando, relembrando os festivais o Olimpo. E a Bruxa em sua casa cai em si, e decide que então é hora de afastar Allat e Ta'Lab. A Bruxa cata na prateleira alguns itens e joga tudo no caldeirão:
-Rabo de rato, língua de sapo, mosca vesga, trepadeira. Lágrima de corvo, pena de pombo, fios de cabelo de uma virgem. Sangue de santo, veneno mortal, pedaço de pano cortado com punhal. Olho de gato, remela de ciclope, amor de Afrodite, presas de morcego. Grãos de romã, areia de inverno, água salgada, mexidos na chama do inferno.
Completa a poção, à cima do caldeirão ergueu-se uma fumaça verde e espessa, que logo tornou translúcida o encontro dos Deuses, como se observados de uma pequena janela. A Bruxa apontava e gesticulava, tecendo e repetindo o seguinte encantamento:
-O Mensageiro traga a noite, e faça descer a Lua. Que vão com muita sede ao pote, morrem na salmoura. O Mensageiro traga a noite, e faça descer a Lua. Que vão com muita sede ao pote, morrem na salmoura.
Sete vezes o verso foi dito, e sete vezes dita depois, a noite caiu. Tão rápida quanto seria de se esperar se o filme estivesse em câmera rápida. A Lua desceu. E Ta'Lab teve de despedir-se de Allat. Deveria agora vigiar a lua. Ta'Lab postou-se no céu, e Allat foi descansar, preparando-se para a sua vigília iminente. Allat chorava, triste, por ter de deixar seu querido Ta'Lab. A Bruxa ria de satisfação, seu plano dera certo. Estavam mais uma vez separados. Ta'Lab, não suportando ver as lágrimas de Allat choverem no mundo, escreveu no céu as Três Marias, onde se postou eternamente. Assim, sempre que Allat mirava o horizonte, achava seu amor, cuidando do céu.
amiga, vc tá escrevendo cada vez melhor, verdade. Esse texto foi inacreditável, achei muito perfeito!
ResponderExcluirAh, EU TE AMO :D
Nossa, ótimo conto, você consegue se superar a cada dia ^^
ResponderExcluirMesmo escrevendo contos com temas de certa forma "aleatórios", você não perde a característica de enchê-los com emoções e sentimentos que todos nós temos ao longo da vida...
Parabéns por mais um belo texto ^^