Assumi a identidade vampírica, assumi a cor pálida nos lábios e a tonalidade cinza da minha face. Assumi a falta de reflexo e o temor ao sol. Assumi, quase como que admitindo uma coisa que já estava praticamente explícita. Meu antissocialismo, meu antipatismo, e, obviamente, a facilidade dos outros sentirem tais sentimentos por mim. Como que dominada por atos repulsivos, cada vez mais eu cavo a cova na qual eu me isolo do resto do mundo. E os olhares degenerados de atenção que desviei, se voltam a mim, como flexas a apontar-me, e cutucar-me em vão. Quase mais nada me incomoda. Quase mais nada, fora a ausência de reflexo, reflexo, incomoda. É como se a minha presença não pudesse ser comprovada. E a invisibilidade das minhas células vitais fosse tão impalpável, que eu duvidasse da minha existência. E duvido. Penso! Logo existo? ... Penso, logo sou complexa o suficiente para que meu cérebro tenha discussões solitárias, ou, em algum momento da escala evolutiva eu regredi. Sou apenas um protótipo. Um protótipo de ser humano. Com inúmeros defeitos de fabricação a serem reolvidos, e inúmeros questionamentos a serem deletados. Um andróide, um ginóide, só. Porque nunca possuirei as características piscológicas para me autodefinir um ser humano, pertencente de um rebanho, uma manada feliz e tal. E, como num pesadeo que nunca acaba, a vida me chama para viver, seja lá por que.
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Abstrato
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Sonhar abstrato
acordar abstrato
Comer abstrato
amar abstrato
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Estudar abstrato
aprender abstrato
Repetir abstrato
esquecer abstrato
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Falar abstrato
entender abstrato
Fingir abstrato
chorar abstrato
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Viver, engolir, sofrer, dar,
receber, rodar, cair, levantar...
abstrato;
e gradativamente,
morrer abstrato.
Quem sou eu
quinta-feira, 9 de julho de 2009
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