Correm boatos sobre a minha sanidade. Correm boatos, correm. E se escondem todas as vezes que chego perto de alcansa-los. Correm boatos, correm. Espalhei armadilhas por ai. Quem encontrar um boato perdido, me grite!
...
Sorrio, embora minha imagem interna se destoe.
Sorrio, embora não encontre tempo para tirar as manchas de esmalte das minhas unhas.
Sorrio, embora a minha dor me consuma todas as noites.
Sorrio, pelo simples ato de sorrir, tão costumeiro e passageiro.
Enquanto minhas memórias se desfazem como carne em putrefação.
Sorrio, e vou perdendo cada vez mais um pouco de respeito, alegria e principalmente sanidade.
Porque a cada suspiro, minha carne se torna mais fraca, e minha mente mais obtusa.
Comemoramos os anos passados ao contrário.
Tememos a morte, e fazemos de tudo para evita-la, mas cada ano que damos em sua direção, comemoramos.
Comemoramos o que?
Mais um ano de orgasmos bem vividos, ou de impotências destoadas.
Comemoramos mais um dia de mágoas, menos um dia de vida.
Comemoramos a tolice de amar, de lutar, de querer.
Enfim, comemoramos, porque é a única coisa que sabemos fazer.
Caso contrário, a crise nos assoma, nos atola, nos engloba.
E como pequenos ratos engasgados com o veneno, nós morremos sufocados pela impotência de fazer algo diferente.
Talvez, eu esteja caminhando na direção contrária.
E a correnteza esteja sendo teimosa em me trazer pra trás.
Acredito realmente nessa teoria.
Mas, eu tenho que tentar, enfrentar esse caminho agonisante, enfrentar o medo palpável que dança na minha frente.
A indelicadesa me convida para o baile, e eu venho há muito rejeitando esta convocação, temo que a curiosidade me embrulhe e que eu resolva dar-lhe uma chance.
Chovem lágrimas, lágrimas que choram sozinhas as suas inconcistências.
Tão diferentes do meu medo, elas são inseguras.
E o meu medo avança com tamanha ferocidade, que eu acredito que atropele o descuidado que pousar em sua frente.
Acredito que atropele os sentimentos que focam a minha paz.
E eu não consigo enxergar por entre os embaçados dessa manhã fria.
E a única certeza que eu trago comigo é que eu ainda tenho um ano inteiro de frustrações e perigos pela frente.
É um pesadelo interminável.
Espero com todas as forças do meu coração que daqui a pouco o despertator comece a alarmar e que eu acorde com o rosto suado e a garganta seca.
(Foi só um sonho, o pior já passou.)
Está tudo em negativa, a perspectiva foi lançada, é tudo depreciativo.
E a depreção se mostra uma amiga constante e inoportuna, como uma sombra numa rua escura.
...
As declarações estão mais vagas, interprete como quiser.
Quem sou eu
domingo, 5 de abril de 2009
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