segunda-feira, 30 de junho de 2014

Eterno

Já não fosse tempo passado, algo podia ter se querido fazer.
Mas já se perdera no espaço das coisas que não foram.
E por tanta dó, e tanto pranto, já se perdera no espaço das coisas que se esqueceram.
Num vislumbre de céu aberto, pode-se avistar a lua.
Tão tímida num céu amargo, meio que tentando camuflar-se no meio de tantos prédios.
E no céu poluído, mais nada se via. Nem borrões de estrelas, nem restos de esperança.
O vento soprava rancor gelado na face dos destemidos.
Nem a súplica dos transeuntes se ouvia pelas ruas.
Nem nada.
Era uma noite fúnebre, doentia, dolorida.
Uma noite sobretudo calada, mais ainda assim acusadora dos pecados mortais de cada um; uma noite que apontava, ria.
E nesse silêncio ininterrupto, nessa lamúria muda, a agonia rasgou a noite, e embebedou de insônia os lamentantes; aprisionados eternamente em suas próprias mentes, onde nunca faz sol.

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