Sabe o que me dá medo? É o breu. É a inesistência de luz, mesmo que das estrelas. Você consegue imaginar um mundo sem energia, sem luz de estrelas, sem vagalumes? Um mundo completamente escuro, onde você não vê nada? Eu tenho medo. Mas provavelmente eu estaria adaptada a isso. A vida é uma questão de cotidiano, de adaptações, sucessivas vezes. Adaptações imperseptíveis, como a cor do cabelo, o tamanho dele, um centímetro a mais um a menos. Imperseptível. E se todos nós tivessemos olhos azuis e cabelos lisos? Quem fosse moreno com os olhos escuros e cabelos cacheados seriam o padrão. E se todos nós fossems verdinhos com ateninhas saidas do meio da testa? Com dedos como ventosas, como os das rãs? Quem tivesse dedos sem ventosas seria lindo. E isso me assusta. Me assusta saber que o padrão é azinho azinho e eu sou Azão Azão. Me assusta saber que o meu padrão nunca será provado.
E ISSO além de me assustar, é inevitável.
E quem sabe eu seja a única, ou seja a única que pensa nisso. Mas talvez, secretamente todos sintam o mesmo medo que eu. O medo do desconhecido, e no escuro, tudo é desconhecido. Imagine um mundo sem cores, um mundo pintado de cinza, um mundo cheio de padrões. Um mundo com regras que não são quebradas, um mundo em que limites não são ultrapassados. Um mundo em que todos são iguais, têm a mesma altura, o mesmo cabelo, a mesma fisionomia. Banir as cores, han?
No escuro as coisas se perdem, tudo se perde, só não se perdem as palavras. As palavras têm o dom de não se perderem no ar, a não ser que sejam um conjunto de palavras. Palavras que dizem adeus. Palavras que se apagam depois de ditas. Uma palavra não pode ser dita da mesma forma mais de uma vez. São únicas. E é a única coisa qu me anima.
Quem sou eu
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
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