quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Livre

Fraca.
Depois de tando amargo engolido à seco, e tanta mágoa disfarçada por máscaras...
Fraca.
Que a vaidade e o orgulho me abstêm de um choro longo, de uma crise histérica.
Fraca.
Que toda a força me foi consumida pelos anos de esperanças falsas e sonhos inalcançáveis.
Utopia, pelos dias que não dormi buscando afago nas estórias que eu lia e escrevia.
E hoje, sobro alguém sem fim, mas também sem começo, nem conteúdo.
Que meu coração bate, somente pela conveniência de bater. Que os meus dias já são vazios e mudos.
A existência é a minha punição pelos crimes de outrora, dos quais nem ao menos me recordo.
Os dias me engolem, me invadem, surrupiam a minha vida aos poucos.
O tempo me devasta, consumindo pouco a pouco todas as horas que restam para o meu silencioso fim.
E enquanto isso, eu atuo em um papel que não pedi...
enquanto em verdade, eu só queria repousar, sem ter no que pensar, nem pelo que sofrer.
Podia ser sã...
Mas acho que já nasci doente... e assim hei de partir.
Com as intermitências e devaneios de uma pessoa enferma.
Escondendo minhas lágrimas da vista humana, escondendo meus sentimentos mais profundos do conhecimento de outrem.
E enquanto isso, buscando uma ou outra ocasião que me agregue esperança e felicidade.
Fraca.