Não, não sei. Nunca soube, e sinceramente estou farta.
Farta da inexpressividade dos sentimentos alheios, farta da complexibilidade dos meus.
Farta das explicações pelas quais inploro, e que me são negadas, consecutivas vezes.
E ainda falta.
Ainda falta muito, pra toda a dor, e toda a agonia terminar.
Falta e eu sei.
E as minha muletas estão se perdendo pelo caminho.
Minhas asas, despenadas.
Meus risos, enrubrecidos, se tornam lágrimas embaçadas, que meus olhos vermelhos não deixam cair.
E as minhas felicidades? Se tornam uma lembrança.
Uma lembrança de uma tarde de verão, das risadas descontroladas, da contraditoriedade de tudo que eu pensava.
E mais, dos amigos que me revestiam.
Onde foram?
Onde fui?
Morri. Esse é o fato.
Nasci deveras. Assumi outra personalidade dentro do meu velho eu.
Como um verme que assume a carapaça de um verme falecido.
Como se o meu velho eu não suportasse as consecutivas multilações que meu corpo se sujeitou esse ano.
Multilações tais que deverão um dia alcansar o gozo celestial.
Sim, eu sei, a irônia é meu forte.
Como se eu acreditasse nessas baboseiras de faz de conta..
O abandono deu-se por completo.
Não reconheço os rostos que costumavam ser meus familiares e amigos.
Só reconheço, no espelho, a face atônita de vergonha, que um dia vi em algum crente depois do pecado.
E eu sei, que esse sentimento é tão magnificado, que a probabilidade de ele um dia me abandonar, é quase nula.
E por isso, na simplicidade de versos humildes, eu, abandono também, as pobres almas que se torturaram lendo as minhas confições.
Adeus
Versos inacabados
.
Palavras de discórdia,
eu sei,
Cansamos das nossas conversas.
.
Frases mal feitas,
eu sei,
Cansei de usa-las.
.
Lágrimas e sorrisos,
eu sei,
Cansei de expressa-los.
.
Cansei também,
das palavras que não disse,
e das noites em branco,
que consumi revisando-as.
.
Cansei, pelo fato.
Cansei do prazer,
e é por isso, que decidi fracamente,
que não vou terminar esse poema.